De volta a algum lugar
Do qual, nem sempre me recordo
Mais sei que estive lá
O vento teima em soprar
Vozes que estão à murmurar
Frases ouvidas e guardadas
Num tempo que não mais irá voltar
A lua ilumina a paisagem
Que (re) vejo além do meu olhar
Numa tela de quimera
Pronta a se desmanchar
A cama se desarruma no meu revirar
O sono se precipita e me assusta
Revolvo a coberta com calor
Enquanto os olhos parecem estatelar
A madrugada silencia a vida lá fora
Enquanto ouço meu próprio respirar
Nas imagens que teimam em voltar
De onde me deixei aprisionar
Talvez se eu me levantar...
Quem sabe, uma cerveja me acalme
Meus dedos parecem tamborilar (será Parkinson?)
Não quero escrever
Mas a danada da fumaça (do cigarro)
Traz de volta as lembranças envoltas
No fog de algum lugar
Em que eu sei, estive lá
Não quero escrever
Mas os dedos teimam em digitar
Nem sei que título vou dar
Só quando ler e reler
Com o polegar entre meus lábios
Seguro o cigarro enquanto penso
Uma canção toca no rádio
Enquanto o copo se esvazia
Não sei se isso é poesia
Talvez seja só saudades da boemia
Ou quem sabe daquele lugar
Onde eu sei, um dia estive lá
(Nane - 19/06/2018)
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