Dá um tempo para mim
Já não tenho mais nada
Arrancastes de mim todas as vísceras
O legista se surpreenderia
Na necropsia em vida
Sem anestesia
Autômato programado
Sem nenhum espaço na mente
Além da sua imagem
Dilacerando o cérebro em podridão
Feito pilão esmagador
Socando, socando, socando
Em encosto de macumba
Me transformei
Exu veio me abraçar
Com pena de mim
Mas sorriu seu riso debochado
Numa rodada de marafa
Dá um tempo para mim
Me livra dessa encruzilhada
A carcaça tá muito machucada
Não presta nem para a urubuzada
Que sem as entranhas
Preferem a revoada
(Nane - 31/10/2013)
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