Não tenho um coração apaixonado. Talvez porque nunca tenha achado quem o roubasse de mim,
Veríssimo, em sua crônica, ensinou como se rouba um coração, mas o meu...
Não sei se faltou ladrão com habilidade ou se fui eu quem o trancou com extrema segurança
e alarme anti-roubo.O fato é que não me apaixonei, até tentei, e cheguei mesmo a enganar meu
coração, me fingindo apaixonada. Ele se sentia bem sendo enganado. Queria ser como os
demais e saber o gosto de ser amado, de bater descompassado, ter arritmias que o
fizesse desfalecer de prazer, de medo, de ilusão. Medo real de que terminasse em total solidão,
é o que no fundo eu e ele sempre tememos ao ver o tempo passar e meu ladrão nunca chegar...
Mas a maturidade foi chegando e eu percebi que solidão é só um estado, um momento, ou
mesmo uma forma de viver. E se não amei ninguém, também não fui amada, mas tive tantos
amores (efêmeros, é verdade) que tão bem me fizeram, e que eu também fiz a eles.
Tantas lembranças e carinhos que no fundo não fui sozinha.E o meu amor eterno, o príncipe
encantado, se não veio dessa vez é porque estava ocupado. Ainda pode aparecer...
Vou relaxar na segurança, destrancar as minhas grades e desprogramar o meu alarme.
Quem sabe o meu ladrão, mesmo envelhecido, não faça ainda disparar esse coração solitário?
Só precisa ter cuidado que é para não o infartar...
(Nane-14/04/2011)
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