quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Luta de boxe


Entrei no ring para lutar
e claro, vencer.
O adversário veio
apenas se defender
e tentar me minar...
No primeiro assalto
bateu-me no fígado,
já que meu rosto eu guarneci.
Mas isso eu absorvi...

E no segundo, pouco o percebi,
pois só queria o destruir,
Meus golpes não saíram,
e ele sempre, na calma a minar...

No terceiro,
ainda a me guarnecer
senti o fígado reclamar,
mas sabia ser questão de tempo
para com tudo acabar...

Não estava num dia bom.
Sabia que era mais forte,
o adversário estava com sorte.
Não me ameaçou,
mas o assalto acabou...

Já era metade da luta...
Pensei na minha labuta
Era hora de ganhar,
mas vi de novo meu fígado apanhar...

O abdomem se inflou
mas pouco incomodou
Ele estava acostumado
Era bem preparado...

O adversário já me incomodava
no assalto que era o oitavo
eu continuei a me guarnecer
não deixava ele entrar,
não conseguia no meu rosto acertar
Logo, logo a ele vou derrubar...

Intervalo do nono para o décimo
E um vento bate-me no rosto
da toalha a balançar
apenas para me refrescar...
Logo vou entrar
e com essa luta acabar.
Soa o gongo final!

Preparo a direita potente
Vou jabeando com destreza
Ele vai cair com certeza
Só sabe minar meu fígado
que já está anestesiado...

Solto com violência a direita
Tonteio com o peso da minha mão
Pobre coitado
devo ter o esmagado...
Cadê o juíz para vir me declarar?

A dor no fígado me cega
Não tenho mais percepção
O que fazem de branco essas pessoas?
Me rodeiam, me olham...
Onde está o meu troféu?

Me enfiam tubos goela abaixo
Não consigo reagir
Preciso comemorar,
Preciso sair daqui
venci, sei que venci,
Porque me prendem aqui?
Minaram-se as minhas forças,
vou dormir....

(Nane-23/09/2010)

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