terça-feira, 21 de agosto de 2018

AVISO DO SILÊNCIO

Em meu silêncio ouço vozes
Se não de gente, dos animais
Que dividem comigo um mesmo espaço
Sem me deixarem só

A cachorrinha que me beija os pés
Num pedido de atenção
Que nego ao fingir não perceber
Enquanto escrevo

O gato manhoso que insiste em subir
No teclado "barulhento" de tec, tec
Exigindo que eu o coloque em meu colo
Enquanto insisto em "rabiscar"

Empurro-o para o lado com as mãos
Com os pés afasto a "farofa"
Sorrio em meu íntimo de suas travessuras
Enquanto o tempo passa sem que eu me sinta só

A madrugada se aproxima
Meus bichos vão dormir
Silenciam cansados de me mimar
No meu silêncio, enfim, silencio

Agora as vozes que ouço
São vozes sem sons nenhum
Vindas de lembranças guardadas
E aqui rabiscadas

O silêncio me diz que mais um dia se foi
E o melhor a fazer é ir deitar
Dormir faz parte de um sonho
Que a muito eu não sei sonhar

Meu dia é minha noite

Minha noite é meu dia
Tanto faz, aqui sozinha
O melhor é tentar fazer poesia

(Nane - 21/08/2018)



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