terça-feira, 11 de junho de 2013

Adormecidas

Adormeci
Todos os meus quereres
A anestesia entorpeceu
Todos os meus desejos
E à Cesar o que é de Cesar
Foi dado com louvor
Nada peço e nada quero
Além do meu recolhimento
Na terra 
Busco bem mais do que plantei
Sujo(?) minhas mãos já calejadas
Mergulhando-as no estrume
Que ironicamente
Dará vida ao alimento do meu corpo
E da minha alma
Poesia não enche barriga
E a minha há muito não rima com nada
É pobre tanto quanto sua autora
E numa mesma cama
Adormeceram
A terra
Que por ora me serve
Se servirá de mim
E serei adubo
Se não de flores

Dos vermes que me aguardam
Pacientes e certeiros
Do banquete à ser servido
Adormeci somente
Enquanto sobre a terra, ando
Que me seja leve quando sob ela
Me deitar de vez

(Nane-11/06/2013)


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