Debruçada no alpendre da janela
Olhando por sobre as copas das árvores
Margeando a Avenida principal
Observava, sem nada pensar, o mar bravio
Talvez quisesse entrar nele
Mas a brisa da noite desencorajava
Até de perambular pela rua
Na frieza da noite jogando seu manto estrelado
Fixava o olhar sem nada enxergar
Bastava o barulho daquele mar
Para aquietar a alma desenfreada
Querendo se libertar
Nada mais ouvia, além do mar
As buzinas (dos carros), as vozes, os latidos
Tudo se calara como que por encanto
E os ouvidos ouviam só o que queriam
Abraçado pela negritude da noite
O mar, dantes verde ou azul
Agora se fazia negro
Lamentando suas ondas quebradas
Num ir e vir sem fim
Sem ir a lugar nenhum
Sem repetir coisa alguma
Numa rotina sem mesmices
A madrugada invadiu de silêncio
Enquanto os notívagos se recolheram
Deixando no ar apenas o som do mar
E eu, no alpendre da janela a escutar
(Nane-28/06/2016)
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