quinta-feira, 30 de junho de 2016

POETA FINGIDOR


Qual a verdade me cobras
Quando sou poeta
E dizimo em mim
Verdades e mentiras
Em troca da criação

E por ser poeta, vos digo
Não mando em meus sentidos
Se blasfemo não minto
Sendo mero  marionete expectador
Do sentimento chamado amor

No mundo dos poetas
Entenda, nem tudo é flor
Rasga-me a carne feito espinhos
As rimas destiladas e sorvidas
No cálice amargo do desamor

Mas sorrio quando conjugo um verbo
Que te sensibiliza e te faz feliz
É quando sinto a grandeza de ser poeta
Ao te imortalizar num único instante
Na imaginação do que eu sempre quis

Minhas mentiras, creia, são verdades
Num espaço onde só eu (e você, se quiser) posso estar
Nada e ninguém há de mudar
A verdade que habita na mentira
Que ao mundo faz acreditar

Deixa que minhas rimas dilaceradas
Sangrem na ponta do meu lápis
Contanto que entenda nas entrelinhas
Todo o amor guardado em mim
Revestido de uma brincadeira (mentira) verdadeira

(Nane- 30/06/2016)





terça-feira, 28 de junho de 2016

TEU REMANSO

Fala-me de teus temores
Com a doçura de teus lábios
Enquanto meus temores
Arrebentam de tremores

Toma a minha mão
E sinta nela a segurança
Que um dia te prometi
Sem sentir os meus tremores

Diga-me com palavras
De todos os teus temores
E se encaixe em meu abraço
Protetor e fingidor

Te aqueço com o meu calor
Te faço perder teu medo
Te dou minha segurança
E rezo, com fervor pra minha Santa

Sou base para os teus medos
Porto dos teus desassossegos
Fortaleza de tuas angústias
Certeza do meu bem querer

Passe o tempo que passar
Haja tudo o que houver
Sou e serei eternamente
Teu remanso de parada

(Nane-28/06/2016)


FORÇAS LAVRADAS


Valho-me da tua força
Quando não mais a tenho
Olhando no fundo do teu olhar
Roubando tua energia

Não, não me condenas
Antes, dá-me com prazer a tua força
Para que eu me mantenha de pé
Enquanto na cama, economizas a tua

Lavro nossas forças numa só
Enquanto perambulo pelo mundo
Circulando num mesmo lugar
Em volta da força que (me) manténs

Se te olho não te vejo
Mas sinto toda a força
Que de ti emana
E me inunda

Reclamo aos sete ventos
Maldizendo nossos destinos
Enquanto cantas louvores
Baixinho no teu leito

Te viro e te limpo
Te deito e te sento
Te alimento, te medico
Te amo e não te entendo

Busco em teu olhar
A origem da tua força
Sou fruto dessa raiz
Sem paciência para florescer

(Nane-28/06/2016)



SOLITUDE

Debruçada no alpendre da janela
Olhando por sobre as copas das árvores
Margeando a Avenida principal
Observava, sem nada pensar, o mar bravio

Talvez quisesse entrar nele
Mas a brisa da noite desencorajava
Até de perambular pela rua
Na frieza da noite jogando seu manto estrelado

Fixava o olhar sem nada enxergar
Bastava o barulho daquele mar
Para aquietar a alma desenfreada
Querendo se libertar

Nada mais ouvia, além do mar
As buzinas (dos carros), as vozes, os latidos
Tudo se calara como que por encanto
E os ouvidos ouviam só o que queriam

Abraçado pela negritude da noite
O mar, dantes verde ou azul
Agora se fazia negro
Lamentando suas ondas quebradas

Num ir e vir sem fim
Sem ir a lugar nenhum
Sem repetir coisa alguma
Numa rotina sem mesmices

A madrugada invadiu de silêncio
Enquanto os notívagos se recolheram
Deixando no ar apenas o som do mar
E eu, no alpendre da janela a escutar

(Nane-28/06/2016)

segunda-feira, 27 de junho de 2016

NUMA NOITE DE SÃO JOÃO




Havia em mim uma poesia
Perdida em meio à rotina
Dos dias destilados na cevada
Tonteados à 5% de etílico

Promessas vãs não cumpridas
Fazem de meu charco chafurdado
A indignação dos meus desígnios
Pré estabelecidos e não cumpridos

Espinhos de palavras que ferem
As certezas rasgadas feito folhas
Da pipa de seda bailando no ar
Voando em direção ao nada

Caia sobre as águas salgadas
Do mar revolto na ressaca
E se consuma fatidicamente 
Sumindo afogada à luz do dia

Suassuna no seu auto compadecido
Me diz que é assim, sem saber porquê
Surrealismos num Da Vinte de Sistina
Refazendo enigmático Michelangelo

Faz da poesia mera quermesse
Na noite de um São João emoldurado
Nas telas da fumaça de uma fogueira
Do frio aquecido num quintal

Havia em mim uma poesia
Na lenda de escritas digitadas
Regadas ao teor alcoólico e gelado
De um último momento inspirado

(Nane - 27/06/2016)


domingo, 26 de junho de 2016

REBOLIÇO

Na loucura de meu certo
Faço do errado meu encanto
Enquanto desencanto meus acertos
Nos certos dos meus erros

Loucura nas misturas
Do certo e do errado
Sem premissas do desassossego
Que foi sem nunca ter sido

Me pego em quimeras
De sonhos e realejos
De alquimias inconstantes
Em flautas de Hamelins

Meus erros são tão certos
Quanto a luz da lua cheia
Que míngua em suas fases
Jogando ao chão minhas certezas

A Medusa ciumenta
Sucumbida por Perseu
Deixou no mar de Poseidon
O mistério das serpentes

No meu certo meu apego
Erra no meu querer
No meu errado me aproximo
Ainda que sem querer, de você

A santa se cala
Enquanto grito meu desconforto
Fazendo-a ouvir com insistência
Certos ou errados

Realidades ou fantasias
Meus desejos repetidos 
Nas contas dos meus dedos
Sonhos ou devaneios, rabiscos ou poesias

Pouco importa a denominação
São verdades tão minhas
Misturas de visão e ficção
Poemas, prosas, poesias...

(Nane - 26/06/2016)





quinta-feira, 23 de junho de 2016

DECEPÇÃO É O TEU NOME



Deixei a poeira abaixar para que enfim, viesse a me pronunciar (pois os que me conhecem, até mesmo em seus silêncios, me cobram uma posição). Vamos lá então: Sou uma pessoa intensamente radical no meu modo de ser (embora como ser humano, seja mutante) e continuo assim. Hoje, meu neto (Diego FREDERICO) tem 4 aninhos completos, e não é novidade para ninguém que o nome dele foi uma homenagem ao ídolo Tricolor: FREDERICO CHAVES.
Também não é novidade nenhuma que durante a sua permanência no Fluminense, eu comprei brigas homéricas (inclusive com jornalistas e blogueiros) na defesa do mesmo. Coisa que aliás, não me arrependo nem um pouco. No mês de abril, quando ele anunciou que sairia do Flu, fiquei mal, abatida, triste, arrasada mesmo. E claro que fui invadida por uma alegria imensa quando ele voltou atras e decidiu ficar onde dizia ser a "sua casa". Naquela época fui totalmente a favor dele e contra o então técnico Levir Culpi, por entender que ele, Fred, tinha bem mais conhecimento do que se passa nos bastidores de Laranjeiras e conhecer "os meninos" da base como se conhece os filhos. Mas a partir do momento em que ele recuou e decidiu sair do que até então dizia ser a "sua casa", não posso ir contra mais ninguém pela decisão que coube única e exclusivamente a ele, Fred.
Ele é e será mais ainda para as gerações futuras, ídolo no Fluminense eternamente. Terá para sempre seu nome gravado em nossa "parede" de heróis como tantos outros. Mas hoje, agora, Frederico Chaves é para mim alguém que morreu e deixou um legado, mais nada.
O sentimento que ficou? Decepção e tristeza. Ainda não sei como explicar ao "meu (neto) Fred que ele não é mais jogador do Fluminense. Ainda não sei como proibi-lo de vibrar quando ouvir que o Fred fez um gol em outro time. Claro que ele vai entender um dia, mas até lá...
Fred foi um jogador capaz de atrair a criançada e torcedores novos para o clube. O que mais me revoltou em todo esse episódio, foi o fato dele, e tão somente ele, se dizer Tricolor até o final de sua carreira. Dizer que sua carreira passaria, mas não sua estadia no Fluminense, já que postulava um cargo qualquer que fosse, para ficar no Flu. A torcida jamais impôs ou pediu isso a ele. Partiu tão somente dele esse posicionamento.
Ao FREDERICO CHAVES, para não desejar que morra (já que não sou tão dura e fria assim) desejo que um zagueirão qualquer lhe quebre a tíbia e o perônio e que ele se aposente do futebol e vá curtir da janela da sua big cobertura no Leblon a vista mais bela do Rio de Janeiro, em paz com a sua família.
E aos que virão me criticar informo: É o mínimo que posso desejar a ele. No mais quero que ele aproveite o inverno e vá para o inferno.

(Nane-23/06/2016)

quarta-feira, 22 de junho de 2016

YOUR WAY

É seu e de mais ninguém
O jeito característico
Da riqueza contida
Nos gestos e no olhar
De quem sabe viver
O momento preciso

A elegância embriagante
Do berço da alma
Que brinda à vida
Com taças reais de cristais
Seu santo graal
Do vinho acolhedor

Desliza na passarela
Suas formas de dançarina
No clássico balé
Feito um cisne ascendendo
Seu voo sublime
De beleza natural

É seu e de mais ninguém
O jeito Amália de ser
E saber nos envolver
Nesse bailado supremo da vida
Onde o sorriso franco é primazia
No brinde eterno e excêntrico

Que seja sempre seu
Que dure para sempre...

(Nane - 22/06/2016)

PANTOMIMA DA VIDA



Ousa teus sonhos
Nos ensaios da vida
Montado na peça
Do palco supremo

Deixa fluir teus sentimentos
Nas falas e escritas
Jorradas em lágrimas
Vertidas da alma

Sem aplausos ou apupos
Sangra teus dias
Na ribalta sem luz
No repasto da coxia

Encena teus anseios
No texto batido
De um amor alardeado
Tão pleno de verdades

Desfeito teu orgulho
Entrega-se à paixão
Sabedor do desempenho
Verídico da personagem

Num estalar de dedos
O poderoso diretor
No veredito final
Acende as luzes da ribalta

Assistes o teu amor
Nos braços de outro
Se curvando em agradecimentos

Sob os aplausos gerais

(Nane - 22/06/2016)





terça-feira, 21 de junho de 2016

A MOÇA DE HORTOLÂNDIA

A moça de Hortolândia
Se mistura com as flores
Num só colorido
De belezas naturais

A professora de Hortolândia
Faz do aprendizado
Sacerdócio do ofício
Ensinando o que aprende

A menina de Hortolândia
Que chora ao escutar
A voz de uma poeta
Que engasga ao falar

Fizestes do tempo e a distância

Laços concretos de amizade
Entre a professora e a poeta
Pelas redes sociais

Hoje neste dia
Te faço uma poesia
Na justa homenagem
À moça de Hortolândia


(Nane - 21/06/2016)



 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

SOB O JUGO DA CRIATURA

Zeus, o que fizestes
Para agora, em tuas preces
Clamares por Deus

Criador e criatura
Atiçou Pandora
Que se fez dona da boceta
Agora toda sua

Onde anda os semideuses
Com suas barbas de molho
Alardeando a macheza
Sucumbida à boceta

O sexo frágil fingido
Enquanto lhe convém
Se deixa encantar e manipular
Pelo prazer desejado

Zeus, o que fizestes
Para agora, em tuas preces
Clamares por Deus

Pandora travestida
De tantas bocetas
De Métis à Atena
Dione e Hera

Fechada a boceta
Perde-se a macheza
E o sexo forte
Escancara sua perdição

Zeus, o que fizestes
Para agora, em tuas preces
Clamares por Deus

(Nane- *inspirada por Antenor Emerich- 20/06/2016)



domingo, 19 de junho de 2016

QUINZE DIAS...


Quinze dias
E te afastas de mim
Fazendo doer
A saudade em mim

Teu dia, tua noite
De sol e lua
Tão cheio de mim
Tão cheio de ti

Passando nosso tempo
Te afastas de mim
E cresce em segundos
Que não vivo em ti

Amanhã, talvez
Te esqueças de mim
Na tua rotina
Tão longe de mim

Amanhã, talvez
A minha rotina 
Me impeça de preocupações
Do teu bem estar

Tão longe de mim
Tão dentro de mim
Meus olhos não veem
O que maltrata o coração

Quinze dias
E te afastas de mim
Fazendo doer
A saudade em mim...

(Nane-19/06/2016)


sexta-feira, 17 de junho de 2016

ALÉM DAQUI



E do nada você vem...
Seu olhar de mistério me olha
Como a dizer alguma coisa
Que eu não sei interpretar...

Por vezes alegre
Por outras, tristonho
Seu sorriso contido
Me olha silencioso

Num silêncio revelador
Querendo dizer alguma coisa
Eu, feito criança no be-a-bá
Sem conseguir te decifrar

Perguntas sem respostas
Povoam minha mente
Numa inquietude constante
Oprimindo meu peito alarmante

Efêmera presença
Tão concreta em mim
Se esvai e se vai
Me deixando só...

(Nane-17/06/2016)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

MUDANDO O RUMO DA PROSA



E meu neto chorou
Ao falar-me da morte
Inevitável que virá
Pelo que ouviu falar
Com seus ouvidos curiosos

Soube que a velhice
Leva quem fica velho
E num apelo soluçante
Me pediu pra não morrer

Disse a ele então
Que não envelheceria
Prometendo sub judice
Que assim não morreria

Ele então se debulhou
Num desespero incontido
E mais ainda chorou
Beirando o desespero

Estupefata e sem jeito
Sem saber como consolá-lo
Perguntei o motivo da choradeira
E ele muito franco: - Mas você já está velha, vovó...

(Nane- 06/06/2016)


domingo, 5 de junho de 2016

MEU QUERIDO BRUXO

( Sérgio Pacca )

Por onde anda você
Insólito amigo
Por tantas vezes companheiro
Na solitária madrugada...

Tua ausência se faz presente
Em meus surtos kármicos
Quando tuas elucidações
Tranquilizavam meus desassossegos

Embora vez por outra
Emboloravam mais ainda meu juízo
Já tão cético e frágil
Em busca de um amparo

Mago, bruxo e amigo
Sinto a falta de você
No limbo da minha timeline
Saudosa de te ver

Teus mistérios me seduz
Tua verve me encanta
Gentileza te faz Lorde
O homem se faz menino

Filosofa tua fé
Na brandura do teu ser
E não tente nunca, meu amigo
Me esquecer...

(Nane-05/06/2016)

sábado, 4 de junho de 2016

O ORÁCULO


Um sonho ou um instante
Não sei precisar
Só o azul cristalino daquele mar
Observado do alto dos rochedos
Misturando a maresia
Ao odor do vinho tinto
Foi a certeza em meus sentidos

Oráculos e acrópoles em picos de montanhas
O burburinho de artistas num anfiteatro
A chama acesa na oliva verdejante
Já transformada em fino óleo
Enquanto deuses se embriagavam
Em festas profanas regadas de sexo

Parto resoluta na busca do que sou
Ou mesmo do que terei
Às profecias que lá no pé do Parnaso
Espero ouvir, entender a acatar
Mas só ruínas restaram e as vozes se calaram
Frustrando expectativas do que virá...em mim

Tão real e perturbante
Que o vinho ainda embriaga
As narinas pelas quais acessam o cérebro
Ainda confuso ao perceber que tudo
Foi um sonho e não um instante

(Nane-04/06/2016)


sexta-feira, 3 de junho de 2016

LIVRE PARA VOAR



Voa pensamento
Posto que és livre em teu sonhar
Vai de encontro aos meus anseios
Podados pelas mãos do meu destino

Voa pelo espaço encantado
Onde sou espírito sem corpo
E alimenta o despojo empedernido
Grotesco em seu fardo pesado

Voa pensamento
De encontro a realidade
Permitida em quimeras
Do que me foi predestinado

Voa sem pudores
Ou grilhões a te prender
Por todos os recantos da ilusão
Que mantem vivo o corpo vão

Desbrava todos os meus desejos
Da felicidade suprema
Em momentos de puro êxtase
Na beleza verdadeira de viver

Voa pensamento
Posto que sou eu em ti
Abastecendo a efemeridade
De uma vida sem sentido

(Nane - 03/06/2016)


quinta-feira, 2 de junho de 2016

A FLOR DO AMOR

Mora em mim a poesia
Em forma de escultura
Moldada pelo criador
À semelhança da flor

Permeado por um ventre
Onde adormece a semente
Protegida e embalada
À espera do amor

Revestida de seda 
Macia ao toque
Flor maliciosa
E tão cheia de ternura

Seu cheiro inebriante
Perfume apaixonante
Atraindo devaneios
Em metáforas insanas

Mora em mim a poesia
Que na forma de uma flor de orquídea
Se encanta e encanta escondida
Com os desvarios do prazer no amor

Explode em mim a primavera
Quando semeada a minha orquídea
Faz gemer todo o meu jardim
Fértil dessa poesia que é amar

(Nane-02/06/2016)