domingo, 30 de novembro de 2014

Novembro negro

E lá se vai novembro...
Levando consigo
Tantas lembranças
Tantas palavras
Tantos abraços
Tantas esperanças
Tantos carinhos

E lá se vai novembro...
Levando consigo
Dentre tantas pessoas
Uma tão imensa
Num corpo pequeno
Que de "Baixinha"
Eu chamei


E la se vai novembro...

Deixando a saudade
E um legado
De áureos tempos
Onde tanta gente
Aprendeu na convivência
A ser solidário

E lá se foi novembro...
Na certeza de uma volta
Que não sei quem vai estar
Na despedida do outubro
Vindouro e esperançoso
De um novo tempo
Certo que chegará

Que venha dezembro...

(Nane-30/11/2014)



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O velho Chico

O velho Chico 
Observa da varanda
Patos e galinhas
Correndo em seu quintal
Sem se preocupar
Com o tempo a passar

Seu olhar vagueia sem fixar
Em ponto algum
Ou fixado num outro lugar
Que mais ninguém pode enxergar
Além do velho Chico
Sentado na varanda

O velho Chico
Nem tão velho assim
Se deixando envelhecer
Da tristeza que a alma
Insiste em demonstrar
No seu olhar

O mato cresce em volta
Mas ele parece não perceber
Continua olhando da varanda
Como se esperasse por alguém
Que não vai mais chegar
Para alegrar o seu olhar

(Nane-28/11/2014)

A cigana

Uma cigana leu a minha mão
Não me falou do futuro
Não se ligou ao meu presente
Mas descortinou o meu passado

Botou "caraminholas" em minha cabeça
E sumiu na imensidão dos continentes
Pra onde foi...
Ninguém sabe, ninguém viu

Perdeu-se na poeira da estrada
Dançando nos palcos do mundo
Levando a magia das tendas
E lendo os mistérios de outras mãos

Corre um alazão nas pradarias
Feito um vento selvagem
Encantando e desafiando
Transeuntes absortos

Na estrada agora silenciosa
Restou lembranças da cigana
Que leu na minha mão
O castigo da solidão...

(Nane-28/11/2014)



Marés

Toda a onda que vem do mar
Me leva sem que eu possa remar
Apenas me entrego, me solto
E aguardo submissa onde vou parar

A maré cheia me seduz
Convidando ao desconhecido
A maré baixa me leva de encontro
Ao porto seguro

A brisa marinha me embriaga
A noite fria me arrepia
Perdida entre duas vertentes
Caminho sem direção

Logo o sol sairá
Bem lá de dentro do mar
Rompendo a aurora virginal
De mais um dia normal

O porre terá passado
O sono chegado
Eu, de novo venci o mar
Vou pra casa...me deitar

(Nane- 28/11/2014)




sedução

Valeu a pena tudo isso?
Numa noite clara de calor 
Em que a lua sinalizava as estrelas
No tapete da areia úmida,
Perguntei enquanto caminhava...

A escuridão na imensidão
Feito um manto do horizonte
Salpicado de pontos brilhantes
Parecia responder ironizando
E chamando à um mergulho...

Pyrilampos sedutores,
Canções perturbardoras,
O infinito desnudo
Convidando ao encontro
Da poesia fatal...

Talvez Iemanjá,
Num momento de TPM
Causou um maremoto,
Me embriagou
E cantou pra mim...

Meus tímpanos vibraram.
Meus instintos vacilaram.
Não sou pescador...
Minha rede é de deitar
E ao mar...apenas escutar...

(Nane-28/11/2014)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Deixa

Então deixa doer
Essa droga de dor
Que parece se divertir

Deixa aflorar toda a mágoa
De uma estória mal contada
Criada...imaginada

Deixa guardar na memória
O que nunca foi pra ser
Ou tão pouco pra se viver

Deixa que o tempo cure
Essa loucura dilacerante
Que retalha a alma errante

Deixa que a vida atual
Cobre cada loucura
De outras passadas

Deixa doer sem culpas
A dor de quem perdeu
O tempo de te amar

(Nane-25/11/2014)

Fila indiana

Segue a vida sem contestação
Aceitando de cabeça baixa
Do "destino," a decisão
Que melhor (?) foi tomada

Pouco importa as consequências
A vida segue em frente
E o azar é só de quem ficou
E não de quem se foi

Se acabou ou começou
Incógnita sem um x da questão
Tênue filete de dimensão
Feito o crepúsculo entre o dia e a noite

 A brisa que sopra a calmaria
Deixa para trás a ventania
Da tempestade atravessada
No cume da alma

Segue a vida sem contestação
Por pura e simples constatação
De que é preciso seguir de mãos dadas
Sem perguntar pra onde ir

(Nane-25/11/2014)

domingo, 23 de novembro de 2014

Palavras que jorram

Enche teu peito desse vazio
Que pesa e exacerba
Sem nenhum motivo
Aparente...

Sopra esse ar pesado e quente
Que te sufoca o peito dolorido
Faz de tuas palavras o desabafo
Escrito e silenciado

Jorra tuas lágrimas escondidas
Nas linhas pautadas pela vida
Transforma tuas dores em poesias
E sorria na tua incontida melancolia

Deixa o senhor de todos os destinos
Sanar estragos e desilusões
Guarda teus instantes no coração
Viva sem expectativas

Hoje mais que ontem
O amanhã é efêmero
O ontem é (ou não) presente
E a vida (por enquanto) continua

(Nane-23/11/2014)

Ausência

Escuto em silêncio
A música que toca
E viajo em suas notas
Nas lembranças ficadas
De um tempo...ido

Já não enxergo teus contornos
Tão pouco escuto a tua voz
Teus planos escoando na chuva
Que melancólicamente cai
Refrescando  minha mente

E tudo o que dissemos

Ficou naqueles tempos
Em que só nós vivemos
Sem nenhuma testemunha
Só nós...sabemos

Ver teus sonhos desfeitos
Tuas coisas espalhadas
Teu sorriso despido
Tua casa abandonando (os teus sinais)
Te faz ainda mais próxima (de mim)

A música cessou
A luz se apagou
É tarde...o presente se impôs
Você se foi e eu...
Fiquei

(Nane-23/11/2014)



sábado, 22 de novembro de 2014

Luzes da ribalta

Sonhos sonhados de olho abertos
Por notívagos olhos
Que teimam em não se fecharem
Por momento algum

Maltratam suas sinapses
Confundem pensamentos
Se perdem na realidade
Vagam pela insanidade

A pergunta que não quer calar
Grita e destrói neurônios
Na tempestade já enfraquecida
Pelo vento cerebral

No oceano revolto
Do côncavo ocular
A tsunami teima em desaguar
Na face encarnecida

O alento sopra feito brisa encarnada
Nos despautérios de um menino
Que teima em fazer sorrir
Quem nada mais pode esperar

Fatal pra morte é a vida
Que insiste em ser vivida
Quando as luzes da ribalta
Já se apagaram...

(Nane-22/11/2014)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Enigma

Não queira decifrar meus rabiscos
Sinta-os apenas
E ele se tornará seu

Não queira sentir em minhas palavras
O que eu senti quando as escrevi
Sinta o que quiser quando as ler

Não queira viver meus escritos
Viva o que eles te transmitem
Sem querer adivinhar

Não queira ser mais do que leitor
Se deixe viajar em meus devaneios
E crie neles os próprios seus

Não tente sentir as minhas dores
E tão pouco viver os meus amores
Juntos, somos um só na poesia

Um poeta só diz ao que veio
Quando seu leitor se identifica
E divide a autoria consigo

Mas toda a magia da sua poesia
Está em não deixar identificar
Se verdade...ou fantasia

(Nane-19\11\2014)



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O anjo de branco (Simone)

Se Hipócrates
Apolo
Esculápio
Higeia
Ou Panaceia
Não sei...
Mas o próprio Zeus há de saber
Que fazes jus ao branco que vestes

Seu semblante (as vezes sorrindo, as vezes chorando)
Deixa transparecer 
Todo o seu envolvimento
Na missão sublime de (tentar) curar
Sem a arrogância (antes tão peculiar)
Dos semideuses 


S e ela (Dini) pudesse
I ria te dizer com certeza 
M uito obrigada doutora
O nde quer que eu esteja
N ão esquecerei jamais
E sse carinho que me coube


Ah doutora...o que dizer
Agradecer por cada instante
Rezar para que sejas sempre a eleita
Dos deuses do Olimpo
No exercício da sua profissão
E todas as bençãos possíveis
Para esse anjo de branco

*Obrigada Doutora Simone,
pelo esforço e pela entrega
com que você cuidou da minha irmã.

(Nane-17/11/2014)

Choro

Choro por mim
E por ti também
Não pelo que fizemos
Mas pelo que não fomos

Choro pelo tempo

Que se não perdemos
Também não ganhamos
Mas deixamos passar

Choro sem lágrimas
No sorriso forçado
Da face maltratada
Por esse mesmo tempo

Choro os desencontros
De um encontro frustrado
Que deixou marcas profundas
No fundo da alma

Choro escondido
Enquanto sorrio
Fingindo ter forças
Pra continuar a viver

Choro pelo que se foi
E não vai mais voltar
Choro sentida
Por não saber chorar

(Nane-17/11/2014)

Cansaço do nada

Bateu um cansaço
Que o corpo não justifica
Mas parece retorcer
Em todas as suas fibras

Suspiros profundos
Soluços indevidos
Olhares perdidos
Vontades esquecidas

Ecoou um silêncio
Rugiu um absolutismo
Um vazio tão oco
Nada mais importa

Um menino brinca numa poça de lama
Um sorriso furtivo no canto da boca
Um olhar perdido no espaço
Adentrando no portal do passado

Os olhos piscam marejados...cansados
Abruptamente separam-se as dimensões
O menino na lama se suja e molha
A realidade nua e crua volta à tona

Entre quatro paredes na noite fria
Uma TV não prende o raciocínio
O cansaço do nada persiste
A dor sem analgésico insiste

Suspiros profundos
Soluços indevidos
Olhares perdidos
Vontades...esquecidas

(Nane-17/11/2014)

sábado, 15 de novembro de 2014

Os sábios

Sábios os animais
Que nascem e crescem
Grudados em suas mães
O tempo todo que lhes é permitido

Sábias elas (mães)
Que os manda embora
No tempo que a natureza
Sabiamente determina

Sábios os animais
Que pressentem o luto
Choram por seus companheiros
E exaltam a vida (que segue)

Sábios eles 
Que procuram a solidão
Quando a hora fatal se aproxima
E não compartilham o sofrimento

Muito sábios eles
Que rendem homenagens
Aos que os precederam
E  afagam os que ficaram

Sábios os animais
Que sabem  e sentem
Serem seres de passagem
Por esta vida efêmera

Sábios
Sempre sábios
Sem saberem
Os animais


(Nane-15/11/2014)









sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Agonia

E foi assim
Que chegou ao fim
A agonia do corpo cansado
Tal qual o poeta do pantanal
Minha "Baixinha" criou asas
E foi voar rumo ao horizonte
Livre de todas as dores
De todos os dogmas

Agora é pássaro lírico
Voando entre as estrelas
Observando atenta

E sentindo o frescor
De não mais ser prisioneira
Da tristeza e da dor

Chorar e lamentar faz parte
Do egoísmo que nos invade
Da saudade que aperta o peito
Do vazio que sua presença ainda impõe
Da nossa ignorância por não festejar
Seu retorno a vida real

Ela, sempre tão crente
Se atirou sem nenhum receio
Nos braços do seu criador
E com ele alçou seu voo solo
Deixando a gente órfãos
Do seu carinho costumeiro

Voa Corujinha (apelido de infância)
Vá em busca da liberdade
Mais do que ninguém, você merece
Guerreira eterna em nossos corações
Que embora entristecidos (por hora)
Baterão para  sempre numa mesma (sua) sintonia

(Nane- 14/11/2014)
 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A moça da janela

A moça na janela
De longe observa
Sente saudades
Revê em pensamentos
A sua gente distante

Seu tempo de menina
Vestindo suas bonecas
Infernizando a tia
E se sentindo princesa
Da avó embevecida

A moça na janela
Sorri pra não chorar
Toda vez que ver no mar
A distância que a mantém
Dos entes do outro lado

A menina do Brasil
Daqui um dia partiu
E agora olha pela janela
Da sua própria alma
Seu corpo de mulher

Lá longe ela espera
A hora do reencontro
E deixa escapar uma lágrima
Por quem não vai rever
Mas por certo  há de sentir

É o preço a pagar
A moça na janela
Que em outro lugar foi morar
Mas deixou aqui ficar
A menina do Brasil

(Nane-13/11/2014)

O inferno é aqui

O inferno me aguarda
Sou filha de Lucifer
Escuto seu chamado
Enquanto espero a minha hora

Faço das palavras meu destino
E vou arcar com elas
Nas rimas de meus anseios
Me perco em devaneios

Exaltar o criador
Deveria ser meu tema
Mas quando ele me ceifa vidas
Exalo minhas mágoas

Se vai me fazer pagar
Que o faça comigo
Deixa em paz os que me cercam
E o idealizam

A paciência me falta
A sanidade foi embora
Me resta a revolta
E as lamúrias em meus ouvidos

O céu é só  figurado
Azul e sem limites
O inferno é aqui
E para onde um dia eu vou

(Nane-13/11/23014)

Me dá a tua mão

E se tua falta eu sinto
Finjo não perceber
O frio na alma congela
A dor que teima em doer

Chorar não me leva a nada
Lamentar tua ausência, tão pouco
Meu amanhã está nublado
Seu brilho escondido sob as nuvens

Estou e sou só
E é melhor que seja assim
Você se foi numa poesia
Que eu não soube escrever

Embora tenha te escrito o tempo inteiro
Você não me soube ler
Ou talvêz tenha preferido
Fingir para não ter que entender

Precisei mais do que nunca de você
Mas não consegui te encontrar
Onde quer que você esteja
Esta poesia foi feita pra você

(Nane-13/11/2014)



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Encontro com Deus

Gritei teu nome aos quatros ventos
Se me ouviu...fez ouvido de mercador
Pedi a tua interferência
Mas o silêncio está absoluto
Talvêz eu não saiba pedir
É o meu jeito de falar (contigo)

Olha a sua volta
É justo esses caminhos
Pelos quais passamos
Sem conseguir caminhar

O nexo em tuas leis
Me inebria os pensamentos
Entontece meus sentidos
E neles não consigo ver sentido

E se te faz feliz e adianta
Me ajoelho e imploro
É uma vida bem mais preciosa
Que te rende louvores

Deixa ela ficar
Percebe a sua luta
Pra que ceifar a semente boa
E deixar crescer a erva daninha

A noite está tensa, vou deitar
O amanhã à ti pertence
Um dia a gente vai se encontrar
E vou te perguntar: pra que serve as muriçocas

(Nane-12/11/2014)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Incertas certezas

Quisera eu ser leiga
Na fé que me foge
E por isso, não me conforta

Quisera poder crer cegamente
E ter uma mão forte a segurar a minha
Nos momentos de aflição

Quisera mandar às favas minhas certezas
E me embalar nas promessas vindouras
Do todo poderoso

Quisera enfim, piamente acreditar
Nos milagres sacrossantos
E minhas lágrimas secar

Ceticismo não mora em mim
Mas a fé cega também não
E pago caro por isso

Refugio minhas dores
Nos braços do Altíssimo
Sem contar com os milagres

Espero além daqui 
As respostas desencontradas
Dessa vida embaralhada

Que seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no céu
E dai-nos a sapiência de aceitá-la

(Nane-11/11/2014)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Berlinda

Se é Deus o criador
Não cabe à mim (criatura)
Questionar decisões
Por ele tomadas

Resta-me aceitar
E por vezes até chorar
Quando meu coração não entender
O que ele vai fazer

Blasfemo intimamente
Gritando em meu silêncio
Que além de mim, só ele escuta
A miséria em que me sinto

Mas ele, Deus onipotente
Tudo vê e tudo sabe
Também a tudo perdoa
E há de me entender

Sou polêmica por natureza
Filha do pai que me criou
E se é assim que eu sou 
Foi Deus quem deixou

Hoje, na berlinda
Essa vida, dita tão linda
Perturba minha inteligência
E acirra minha arrogância

Te louvam e idolatram
E por prêmio...ajoelham
Questiono e te desafio
E sigo ilesa

Se por mim ou por mais alguém
Não sei...
O fato é que te pergunto
Até quando...Deus

(Nane-10/11/2014)






Sulcos

Por entre as sementes que planto e cuido
Procuro raízes que penso fincar
Mas vem a seca e teima em matar
O fruto que pensei colher

Em meio à plantação
O mato cresce sem distinção
Abafando meus sonhos semeados
Na terra que arei com tanto cuidado

Os sulcos do solo
Se confundem  com minhas rugas
Ambos criados sob o sol escaldante
E de péssimas aparências

Sou princípio do mesmo chão
Que aguarda mansamente por mim
E cava sulcos sem distinção
Em mim e no chão

Chão esse que há de me engolir
E para sempre me silenciar
E quem sabe, com sorte, fazer de mim
Adubo de minhas próprias sementes


(Nane-10/11/2014)




sábado, 8 de novembro de 2014

O uivo do lobo

Para quem piscam as estrelas
Nas noites enluaradas
Senão para mim
Que vagueio noite adentro

E se tento dormir
O brilho delas, atrapalha
Insistem em ofuscar
Meus sonhos em devaneios

Piscam para quem como eu
Espera nesse lume misterioso
Com um quê de melancolia
Um pouco de poesia

Dizem que esse brilho
Nada mais é
Do que o olhar lacrimejante
De um amor não correspondido

Por isso o lobo solitário
Uiva nas noites enluaradas
Chamando sua amada
Sabendo que ela não responderá

Para quem piscam as estrelas
Senão para mim
Que me deixei seduzir
E me tornei loba....assim

(Nane-08/11/2014)





 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Expectativas

Deitei sem vontade de dormir
Mas o sono chegou sem avisar
E quando dei por mim
O sonho me embalou

Atravessei o arco-íris
Em busca do El Dourado
Onde o que contava
Era a tal felicidade

Potes e potes de ouro apareceram
Mas não os quis
Procurei em vão no meu devaneio
Pelo valor dos meus anseios

O ouro de tolo jorrou
No sonho que não sonhei
Tentei fugir da minha realidade
Mas sonhei que estava acordada

Todas as minhas expectativas
Deixei no sonho que não sonhei
Tentei fugir do mundo
Mas a vida continua...

(Nane-07/11/2014)


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

I want to go back there (Eu quero voltar pra lá)

Aqui não é o meu lugar
Deslocada e sem rumo
Tento me encontrar
Mas não consigo me achar

E quem é que pensa em mim
Se eu não penso em ninguém
Quem é que espera por mim
Se de mais ninguém estou a fim

Quem um dia pensou
Já não tem mais tempo
Pensa agora em outro alguém
E de mim, não se lembra mais

Vou em busca do amanhã
Que meu hoje virou ontem
Se aqui não dá pra ser feliz
Vou tentar ser lá

(Nane-06/11/2014)



O autista

Meu olhar vagueia
E incomoda 
Me julgam alheio
Não sabem do meu mundo
Onde sou rei

Me acham diferente
E não percebem
O quanto diferem de mim
E são estranhos (pra mim)

Preocupam-se com outras vidas
Falam de outras  pessoas
Escondem sentimentos
Ensinam o que não fazem
E mesmo assim...me julgam diferente

Ser normal para eles
É fazer o que fazem
E ordena a sociedade
Ser normal para mim
É fazer o que eu quero
E quando eu quero

Sentem pena de mim
Por me acharem diferente
Mas o que não sabem
É que eu, na minha indiferença
Sinto pena deles todos

(Nane-06/11/2014)


Psiu

Entre bem devagarinho
Não faça barulho
A minha dor adormeceu
Não quero despertá-la

A saudade foi na esquina
Enquanto a alma repousa
O coração serenou
E ouço a chuva que cai

Pise bem de mansinho
Minha noite está tranquila
O amanhã...não sei
Faça silêncio, por favor

Minha dor adormeceu...

(Nane-06/11/2014)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Onde está

Onde está a sua mão
Que me acostumei a segurar
Nas horas de aflição

Onde está seu ombro
Que me servia de conforto
Quando eu me apavorava

Não sinto mais o calor do seu abraço
Nem vejo a luz do seu olhar
Por onde você está

Onde está você
Que esteve ao meu lado
Por todo esse tempo

 Quando mais precisei da sua mão
Quando mais precisei do seu ombro
Quando mais precisei  do seu abraço
Quando mais precisei da sua luz
Quando mais precisei de você
Me sinto só...

(Nane-05/11/2014)

Numa nova estrada

Amor maior não houve
E sei, não haverá
Mas é tempo de seguir em frente
Mesmo sem ter você

A vida não permite parada
É uma pista de alta velocidade
Parar é sinônimo de acidente
Há que se ter postura de vencedor

Você será sempre a lembrança
Do melhor que o amor pode ser
Viverá eternamente em mi'alma
Enquanto ela (é imortal) existir

Mas agora tenho que seguir
Rumo a minha própria vida
Pelas curvas do meu destino
Na estrada que me foi destinada

Só saiba que eu vou te levar
Por onde quer que eu vá 
Se nossas estradas (de novo) vão se cruzar
Só o tempo dirá

Mas vale o que ficou
Um amor assim não se acaba
Quem sabe se numa outra estrada
Caminharemos de braços dados

Por tudo isso acredito
Que amor maior não houve
Resta seguir em frente e aguardar
a hora de te reencontrar

(Nane-05/11/2014)






Um dia difícil

Num céu azul de carneirinhos
Vou contando quantas formas
Passam por meus olhos
Nessa tarde de primavera (verão)

O som do celular me tráz de volta
Ao sol escaldante que bronzeia minha pele
E parece torrar meus neurônios
No choque térmico da notícia

A voz do outro lado engasga
A minha se cala...emudece
O suor salgado respinga dentro do olho
Que arde feito fogo no coração

Em segundos revivo uma vida
Repenso alguns valores
Desfaço de outros
Entonteço

O cérebro frita sob o sol
Um frio invade a alma
Os carneirinhos se foram
O céu está nublado

No peito, algo incomoda
Uma pressão que não passa
O celular se calou também
E eu...fraquejei

Ainda torpe, sigo em frente
O dia já se despede
O crepúsculo se aproxima
Enquanto a alma se agiganta

Feito uma galinha choca
Aninho os pintinhos sob as asas
Cansadas e pendentes
Vamos descansar....

 (Nane- 05/11/2014)






domingo, 2 de novembro de 2014

Um cocô

Ah...nada sou
Além do que defecas em mim
Cada vez que me dispensas
Com  teu sorriso irônico

De pouco importa a  latrina
Se sou eu  os teus dejetos
Derramados n'água fria
Engolida e perdida

Talvez me purifique num rio
Que vai desaguar num mar
E quem sabe, me esqueça
De que pra ti...fui cocô

(Nane-02/11/2014)


PS: Não costumo justificar meus rabiscos,
      mas esse aqui foi criado por causa de
      um desafio do meu filho, que duvidou
      que eu criasse um poema enquanto ele
      fazia suas 'necessidades fisiológicas'.

PS 2: Se meus leitores quiserem, desafiem
também...deixem nos comentários um tema
escolhido e eu rabisco. 


sábado, 1 de novembro de 2014

Férias de Deus

Por onde anda Deus?
Talvez de férias na  Bahia.
Ou quem sabe na boemia da Lapa?
Não sei...mas tá de folga.

Chamei e clamei por ele,
mas não me ouviu...
Deve ter tomado um porre
e agora dorme o sono dos justos. 

Deixou seu tridente nos 220
e queimou meu traseiro.
Se foi por castigo, não sei,
mas o cheiro foi de enxofre.

Dormiu em pleno plantão,
e isso há que se levar em conta.
Que porra de Deus é esse
que não gosta de bater cartão?

Eu só queria conversar,
não iria pedir nada.
Rezar a Ave maria
não estava nos meus planos

Mas se ela é a mãe de Deus
deveria educá-lo
para quando um filho seu
dele precisasse.

Hoje o dispenso.
Durma ele com a mãe.
Vou dormir com a cerveja
e sonhar com as estrelas...

(Nane-01/11/2014)