sexta-feira, 14 de março de 2014

Só uma poesia

Leia meus versos quem quiser
Assine a autoria quem sentir
Que a minha é uma poesia
Não faça troças dos meus versos
Posto que eles são pedaços de mim
Arrancados em cada palavra proferida
Sangrados em cada víscera usada
Para as rimas parcas, mas sentidas

Aos semideuses literários
Que levantam e torcem seus narizes
Para os versos que eu escrevo
Nada tenho a dizer e tão pouco a pedir

Plantei várias árvores e tive um filho
Um livro, não escrevi
Mas ele está escrito e contando a minha vida
Por isso ainda não morri

Passam por mim todos os dias
Vis criaturas soberbas
Se julgando azes da literatura
Deixando os poetas mortos no chinelo
Donos de covis da matilha
Onde só entram medalhões
Escolhidos dedo a dedo
Pelo soberbo líder literato

Fodam-se as academias
Os saraus da confraria
Os editores e editoras
O vil metal que abre as portas
Os achadores da pobreza alheia
Nos rabiscos que não são deles

Fodam-se as métricas
As vírgulas
Os pontos
O maiúsculo e o minúsculo
A simetria e a harmonia

Fodam-se os semideuses
Que insistem em não ver
Nos versos que eu escrevo
Poesia 
Mesmo porque
Meus versos não são para vocês

(Nane - 14/03/2014)


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