Sou poeta sem vergonha
Que vive na madrugada
Feito vampiro de palavras
Quentes e adocicadas
Bebo cada sílaba
Num copo de cerveja
Que se embriaga
Inspira
Notívaga assumida
Desapareço no fog da noite
Sem me importar com a madrugada
Disposta a me consumir
Basta um guardanapo
No balcão em que bebo
Para que surja um rabisco
De improviso
Todas as minhas dores
Todo o desencanto
Toda a tristeza
Toda a beleza
Expostos no balcão de um bar
Transformados em poesia
Sob o efeito da cevada
Fermentada
Sou poeta da madrugada
Destinada à melancolia
Embriagada de poesia
Sem nenhuma harmonia
(Nane - 18/01/2014)
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