quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Promessas



A menina traquina
Correndo descalça
Nas ruas ao redor
Ouvia o grito da mãe
Que chamava por ela
Na hora do almoço
Mas ela fingia não ouvir
Queria brincar
Tinha sede de estrepolias
Parecia adivinhar
O que vinha pela frente
Tomou banho de rio
Matou aula na chuva
Que caía torrencial
Estragando todo o seu material
Sabia que apanharia
Com a varinha nas pernas fininhas
Mas a menina insistia
Era traquina
A mãe a buscava na rua
Já quase na hora da lua
As perninhas pagavam o "pato"
A menina chorava
Mas no dia seguinte...de novo aprontava
Tão cedo decidiu
Seria escritora
A mãe sorria orgulhosa
Mas no fundo não acreditava
A menina também decidiu
Que da mãe, a vida toda cuidaria
E dizia isso aos quatro ventos
E para a mãe que também não acreditava
O tempo voou e traquina cresceu
A mãe, envelhecida, adoeceu
A menina virou mulher
Escritora não virou
Se tornou rabiscadora
A mãe estava certa
A mulher ainda cuida da mãe
Que envelhecida, dependente se tornou
A mãe cobra seus cuidados
E a menina...cumpriu sua palavra
Mas de alguma forma
A mãe estava certa...outra vez


(Elian-02/08/2012)

Nenhum comentário:

Postar um comentário