Eu transbordo
Em palavras profícuas
Que não dizem nada
Espero o garçom
Me trazer a cerveja gelada
Enquanto amasso o cigarro
No cinzeiro fedido
Me sento no orvalho
Lá dentro é proibido
Politicamente correto
Mando todo mundo à merda
A boemia me consome
Me fazendo perceber
Que não sou dessa época
Tão cheia de "chiliques"
Vinícius era um pulha
Genial e sem medidas
Que "papava" as meninas
Encantadas com suas poesias
Sabia dos seus intentos
Mas fingia que era "o cara"
Importava seu gozo explodindo
Na cara da casta escolhida
Eu, mulher, não posso
Sou piranha, louca, depravada
Resta-me a cerveja gelada
No fundo desse poço
Comprei na padaria
Um litro de cerveja
Só para ver se consigo
Escrever uma poesia
Fingindo estar numa mesa de bar
Rabiscando sem pensar
No amanhã que virá
Quando eu acordar
Vinícius, sou do seu tempo
Mas nunca te encontrei
Que bom que você se foi
Aqui, nada mais lembra você...
(Nane - 27/05/2020)
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