quarta-feira, 6 de julho de 2016

POESIA METAFÓRICA

Dantesca comédia
Onde o inferno é rotina
Matando a ilusão
Prostrando Dom Quixote
Já sem forças, entregue
Aos moinhos dragonescos
Sem se importar com Dulcineia

Retirada a armadura
O herói sai de cena
Deixando esmorecer
O poeta sem inspiração
Tocado por Beatriz
Conduzido por Virgílio
Arrastado pela mão

Onde está a poesia
Perdida pelo limbo
Sem mais vontade própria
Afogada em rimas pobres
De palavras vãs
Causadoras do cansaço
Nos ouvidos de sua musa

Nem mais o paraíso prometido
Parece consternar ou avivar
O desejo do poeta
Que se deixa guiar por Virgílio
De encontro à Beatriz
Pronta a lhe retirar o casulo
Sangrento e dolorido

Expectativas criadas
Ilusões destituídas
A toalha jogada
A vida entregue
À espera prostrada
De um céu também (agora) ilusório
Onde a rosa mística o aguarda

(Nane-06/07/2016)

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