Vejo minha mãe
Sem brilho nos olhos
Perdida em pensamentos
Embaralhados pelo alzheimer
Com a única certeza
Do tempo demais
Se fazer dolorido, sofrido
Não entende a indiferença
A falta de tempo
Os compromissos assumidos
A sua solidão
Suas dores aumentadas
Seu tempo estendido
Seu leito prisão
Pássaro sem asas
Vê sua liberdade
Ceifada germanicamente
Perdendo o direito
Dos próprios sonhos
No tabuleiro de peças
Que já não sabe mais jogar
Sem mais expectativas
Observa com ansiedade
O tempo tão lento
Passar numa inércia
Cruel e sem propósito
Num surto de sanidade
Pergunta ao Ser Supremo
O porquê de tudo isso
Sem força, não reclama
Continua numa só posição
Reclamando suas dores
No seu mundo contido
Num leito solitário...
(Nane-18/04/2016)
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