quarta-feira, 8 de abril de 2015

SONHANDO EM SER CRIANÇA

Fizeram-me homem
De fuzil nas mãos
Precocemente empedernado
Na sobrevivência

Lacraram num ataúde
As quimeras e fantasias
Dos meus sonhos de menino
Brutalmente emancipado

A tal maioridade
Cospe fogo e mata
Para que eu não morra
E sucumba com a infância

Na solitude de um descanso
O tremor de um ruflar insiste
Em me elevar por sobre a miséria humana
Nas asas da esperança de criança

Sobrevoo inerente de segundos
Sustentado pelas asas da liberdade
Abertas em meio à podridão
De uma guerra dita santa

Vislumbro brincadeiras e cirandas
E outras crianças de etnias
Diversas e tão afins
No sorriso ímpar infantil

O ranger da tampa do ataúde
Recolhe minhas asas podadas
No estampido seco de um rifle
E o menino vira homem de matar

(Nane-08/04/2015)


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