domingo, 17 de março de 2013

Aconchego

Rasgo-me de meus princípios
E deito fora toda e qualquer galhardia
Ébria na madrugada fria
Caminho trôpega pelas ruas da cidade...
E por onde ando, nada me comove.
Vejo crianças por sob alpendres
Jogadas no nada da cidade
Se embriagando de crack
Se aquecendo da frieza na noite fria...
Nem tento me aproximar
São meninos e meninas agressivos
Sorriem e zombam de quem tenta ajudar
E não estou em condições
O álcool me faz desdenhar necessidades
Onde andam meus amigos...
O orvalho molha meu rosto já meio dilacerado
Pelas marcas que o tempo esculpiu
Sulcos que servem de leito
Para as lágrimas que vertem sem permissão
Dos olhos cansados de ver
A miséria nos guetos da cidade
A porra da cabeça gira
Anuvia meus sentidos
Deito num banco qualquer
Amanheço sem nada entender
No colo do Drummond...

(Nane-17/03/2013)

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