quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A redoma


Parei na imensidão da areia fina
E sentei-me sob o sol, na esperança de pensar
Revi minhas ideias, conceitos, regras e dogmas
Olhei a redoma posta no altar
E vi quantas pessoas estão lá
E fui eu quem as colocou na pretenção de as cuidar
Mas elas não querem meus cuidados
Se mostram tristes, iradas, enjoadas, presas...
Um rock  heavy ecoa em meus ouvidos
Estou completamente só, embora acompanhada
Mas as pessoas na redoma não me ouvem
Apenas se contorcem, querem sair
Olho de novo e elas ganham formas
Se misturam ao som metal e dançam
Querem fugir de mim, mas a redoma as prendem
Não tenho ninguém, por isso as prendi
Mas agora enjoaram de mim e querem sair
Perceberam a teia que teci e onde se enfiaram
Estou pensando ainda se quebro a redoma
E deixo todas elas sairem
A música enlouquece meu cérebro
As formas frenéticas das pessoas que se esvaem 
E numa estranha junção de cores se misturam
O sol que arde e a areia que queima
A redoma que não para de tremer
Levanto e procuro por alguém que não esteja lá dentro
Uma nova vítima talvez...novo desafio
A redoma não se quebra, o som é infernal
Um estalo na cabeça clareiam-me as ideias
Na redoma não tem ninguém, mas não está vazia
Num golpe de vista deixei de perceber
Que as pessoas que eu ( pensei ) prendi
Estão livres e vivendo a vida que queriam
E na redoma sinistra que eu criei
Só mora o espectro de mim mesma...

(Nane-31/08/2011)

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