terça-feira, 31 de maio de 2011

Vou ser alguém


Na ciranda da vida
Brinquei de criança
Rodando rodopiei
E de tantos piques brinquei

Aprendi a roubar bandeira
Do outro lado da risca
Aprendi que o que é dos outros
É o que eu devo cobiçar

E se não quiserem me entregar
Então vou aí roubar
Invado o seu espaço
E corro de volta pro meu

Agora contam enquanto me escondo
Sorrateiramente me aproximo do ponto
E quando você menos espera
Sorrio e te dou uma rasteira

Aprendi a ser ladino
E melhor que os outros meninos
E se passo o anel
Finjo, disfarço e olho pro céu

Minha mãe me manda estudar
Prá ser alguém quando eu crescer
E eu aprendo na ciranda
E me preparo prá roubar

Paro um pouco e penso no que serei
Com o que e como viverei
Faço e refaço minha estatística
Decidi! Vou entrar para a política

(Nane-31/05/2011)

Simplesmente Simone Bacelar!






"A idiotice é vital para a felicidade.

Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.

Dura, densa, e bem ruim.

Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.

Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.

Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!"

*Meus respeitos e profunda admiração por essa mulher que a menos de 20 dias perdeu a mainha querida e que tráz na sua história de vida, tantos e tantos problemas bem mais sérios (como a perda do filho). E no entanto, tem a coragem e a capacidade de escrever, sentir e viver esse texto maravilhoso que me tirou do ostracismo em que eu me encontrava.
Baiana arretada e simplesmente maravilhosa! É assim que ela é...
Você Simone, me deu a força e a vontade necessária de lutar por mim e pelos meus. E eu serei eternamente grata a você.
Te adoro!!!
bjos

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vergonha


Senti vergonha de mim
Vergonha por me entregar
Vergonha por desistir da luta
Por me sentir derrotada
Sem forças prá lutar
Hoje senti vontade de ganhar
Talvez o lá de cima me tenha ouvido
Mas senti que ainda tenho forças
Vi na desgraça alheia
Gente forte e guerreira
Vi que sem a luta
Não vou poder vencer
Olhei nos olhos da derrota
E a desafiei
Vem prá cima
Estou pronta prá lutar!

(Nane-30/05/2011)

Meu tempo


Olhei para trás
Revi meu caminho
Sempre feito as pressas
Com ânsia de chegar
A qualquer lugar
Sem nunca parar para pensar...
Olhei para trás
E percebi que não foi o tempo quem passou...
Fui eu quem não teve tempo pro meu tempo
E deixei que ele passasse sem perceber
Agora ele não volta mais
Porque ele sou eu
Ele (o tempo) não passa
Nem prá frente e nem prá trás
Fui eu quem passou
Sou eu quem não volta mais
Agora meu tempo é outro
E eu preciso parar para repensar
No tempo a me restar...

(Nane-30/05/2011)

Um sudoeste

O vento que sopra
Sussura em meus ouvidos
Me diz que é vendaval
Transformado em brisa
Apenas prá me acariciar
Se fez meu amigo
Numa tarde quase noite
De um frio cortante
O vento veio me aquecer
Com seu carinho esvoaçante
Etéreo...suave
Uma brisa marinha
Que veio e se foi
Mas que antes depositou
Um beijo em minha face
De onde uma lágrima rolou...

(Nane-30/05/2011)

Com o mundo nas costas


Todo o peso do mundo recai em mim
Dói-me as costas arriada
Ajoelho, não rezo...é o peso do mundo
Do meu mundo
Me dobro em duas ou três
Não dou conta da carga
Ninguém entende
Me arrasto, me engasgo
Não vivo, sobrevivo
Me dói a cabeça revirada
Me cobram, me pedem
Me doo, não dou
Sou flor que murcha na primavera
Espinho que fere quem se aproxima
Me curvo diante de Deus
Peço força e coragem
Será que me escuta
Me cobra ele também
A rebeldia que me caracteriza
Me curvo de novo
Agora cansada
Espero conformada
O fim da minha estrada
Meu mundo está pesado...

(Nane-30/05/2011)

Dama de preto


A dama de preto me ronda
É altiva, bela, sedutora...
Não vou deixar me encantar
Preciso minha jornada terminar
Tenho tanto ainda por fazer
Tanta gente de mim a depender...
Não posso a acompanhar
Preciso me desviar dos caminhos
Por onde ela está...eu tenho que continuar
Ela é feiticeira. Se disfarça de amiga
Se faz simpática, quer me seduzir.
Preciso estar atenta e caminhar
por outro lugar onde ela não está...
Ainda é cedo para acompanhá-la
Preciso uma missão terminar
Ainda não é hora de viajar.
Vou deixar ela seguir sem me levar
Vou me esconder em algum lugar
E a ela vou enganar...
A dama de preto não vai me encontrar.
Não agora...

(Nane-30/05/2011)

Onde?


Onde estão meus sonhos
Se perderam por aí
Deixei num canto qualquer
Onde não consigo encontrar
Finjo estar tudo bem
Até sorrio para alguém
Só para não incomodar
Só para não me virem a chorar
Onde está minha vontade
De lutar sem nunca me entregar
Perdi num canto qualquer
Não sei onde está
Onde está minha poesia
Que era feita de ironia
E mesmo de alegria
Mas a perdi na melancolia
Que se tornaram os meus dias
Meus rabiscos não tem mais sentido
São lamentos de poeta perdido
Que não sabe onde está
E menos ainda onde vai parar
Onde estão os sonhos que sonhei...

(Nane-30/05/2011)

Oração


O que fazer
Se tudo parece perdido
Se não consigo raciocinar
Não sei o que fazer

Só essa vontade de correr
De ir prá lugar nenhum
De nada encontrar
De ninguém ver

A confusão no pensamento
Que não consigo coordenar
Os acontecimentos, fatos
Nada para no lugar

Não sei o que fazer
Estou sem ação
Prestes a me perder
Me dê a sua mão...

Será isso uma oração???

(Nane-30/05/2011)

domingo, 29 de maio de 2011

Os dias da minha infância

 
Regressei ao meu lugar
Revi as árvores em que subia
As ruas em que corria
Os parques onde brinquei
Revi amigos envelhecidos
Que comigo brincaram
De piques e cirandas
Nos dias da minha infância
Foram tantas as recordações
Meu Deus, quantas ilusões
Onde andará os que não vi
Mudaram-se, morreram
Mas no meu regresso
Todos estão lá
Brincando de bola na mão
Guardados no coração
Nas minhas lembranças
Do meu tempo de criança
 
(Nane-29/05/2011)
 

sábado, 28 de maio de 2011

Menina espoleta



Ei menina
Te vejo assim tão pura
Serelepe e espoleta
Correndo ladeira abaixo
Sem se preocupar com o amanhã
Te vejo cercadas de amigos
Criançada que te segue em brincadeiras
São piques, bolas, corredeiras
E nadam no rio escondidos
Dos pais que a isso lhes proíbem
Te vejo sempre a comandar
os maus feitos de infância
Que um dia hás de lembrar
E de saudades vai chorar
Ah menina traquina
Cuja mãe passa o dia a procurar
Pois da rua
Você não quer sair
Os meninos sofrem em sua mão
Pois és tu o chefe desse bando
Decidida e envolvente
Comanda a pequena gente
Corre menina traquina
Sua mãe se aproxima
E tráz na mão
A vara prá lhe tirar o couro
Sorria feliz
Tua infância é teu reino
Quantas frutas prá roubar
Nos quintais vizinhos
Dos velhos ranzinzas
Sempre prontos a te xingar
Está na hora de entrar
E seu banho ir tomar
Não se olhe no espelho...
Não deixe esse encanto acabar
Não me faça regressar
Me deixe no seu tempo ficar
Porque tinha que olhar?
O meu presente retornou...

(Nane-28/05/2011)

Mergulho...


Mergulhei no mar
E tanta coisa eu vi lá
Nas profundezas das suas águas
Tanta história prá contar

Em naufrágios eu vi corpos
Parecendo se abraçar
Num último carinho
De quem sabia que iriam se afogar

Vi refinadas embarcações
Servindo de morada
Para peixes, tubarões
E num jardim de algas transformadas

Vi também o lixo
Contaminando o ambiente
E o mar bravio com isso
Tenta seguir em frente

Mergulhei por fendas escuras
Onde a vida gera vidas
E nada abala a estrutura
No escuro dessas minas

Também vi o pescador
Pescado pelo mar
Yemanjá o chamou de amor
E ele com ela foi morar

Mas meu tempo acabou
E voltei ao meu lugar
Invejei o pobre que se afogou
E foi morar no mar
Que tem tantas histórias...prá contar

(Nane-28/05/2011)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ciclos


Os ciclos se fecham
Uma etapa se encerra
Uma outra começa
São ciclos da vida
Se perde e se ganha
Sorrir e chorar
Nascer e morrer
São ciclos contidos
No ciclo maior
Que se classificam
Desígnios da vida
Numa forma de aceitar
As perdas e ganhos
Que nos ciclos se encarceram
E a gente espera
Num novo ciclo
Não mais perder
Só ganhar
Até o ciclo,
De novo se fechar

(Nane-27/05/2011)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobre o prisma da lua

O sol se apagou
A escuridão se fêz
O eclipse chegou
Mas não passou...

O sol me confundiu
Não sei se é ele ou meu olhar
Nossas sombras numa só fundiu
Não sei se é ele ou o meu olhar...

A lua não tem lume
É negra.
E faz do dia noite
Da minha luz...escuridão

O eclipse não se acaba
O sol não se liberta
A lua o abraça
O  cobre com o manto da escuridão...

A lua de dia
Não tráz poesia
Só a noite sombria
Que tira do sol a alegria

É noite em pleno dia...

(Nane-26/05/2011)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mãe...


Mãe...
O que fizemos de nós?
Você me deu a vida
E me cobra ela de volta
Exige de mim carinho
Afeto e atenção
Além do que eu posso te dar
Me joga na cara
A sua própria frustração
Me faz sentir culpada
Por melhor não te cuidar
Também a ti me entreguei
E da minha vida abri mão
O que não sei é se prá nós duas
Valeu essa intenção
Me perdoe se não entende
Eu te sou grata pela vida
Pelos cuidados
Pelos mimos
Pelos caminhos em que me guiou
E por tudo o que me ensinou
Me perdoe o que não aprendi
Vou tentar me redimir
O que fizemos de nós duas?
O que será nosso amanhã?
Eu não quero te magoar
Então mãe,
Também não me magoe
Eu sou sua filha
E você a minha mãe
E com certeza
Nos amamos...
(Nane-25/05/2011)

A calma do mar

O mar me acalma
Me faz viajar
Me mostra o horizonte
Que está sempre lá
As ondas cantam para mim
A canção que vem do mar
Canção com notas solitárias
De quem se perdeu na imensidão
Das águas doces e esverdeadas
O mar me escuta
Sem nada perguntar
As vezes acho que sorri prá mim
Ou talvez seja de mim
Sopra em minhas faces
A brisa terna e carinhosa
Como se num carinho
Eu retomasse o meu caminho
O mar me passa força
Mesmo quando embravecido
Pois depois vem a mansidão
De um outro dia amanhecido
Vou olhar o mar...

(Nane-25/05/2011)

Palavras no tempo

Vazio..
Olho prá tela
É só vazio
As letras não formam
Palavras bonitas
Palavras rimadas
Palavras que encantam
Palavras de alegria
Que viram poesia
Mas elas não veem
Saíram de mim
Se embaralharam em mim
Ainda hoje me disseram
Que quando a gente se omite
O tempo, que não para nunca
Se encarrega de mudar
Sentimentos
Amores
Amigos
E também...palavras
As minhas se embaralharam todas...

(Nane-25/05/2011)

Brumas na escuridão


A nuvem negra está no céu
As brumas se formam
Embaçam-me a visão
O frio é constante

Ando sem rumo...ao léu
Meus sonhos se foram
Há muito perdi a ilusão
Mas há uma luz, lá...bem distante

A tempestade está formada
Devasta tudo a sua volta
Pouco sobra ao redor
É só devastação

Mas sei que o sol irá voltar
E as brumas desaparecerão
Só é preciso paciência...aguardar
A hora que a tempestade passar

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Submundo...


Estou vivendo
Num mundo que não é meu
No meu mundo eu era feliz
Tinha resquícios infantis
Eu brincava com as palavras
E rabiscava a alegria
Travestida em poesia
Eu também brincava
De amores e de amigos
Vivia sorrindo sem motivos
Apenas por estar feliz
Mesmo não sabendo
Que eu era feliz
Minhas verves eram leves
E rimavam amor com flor
Mas despejaram-me do meu mundo
E caí no submundo
Resta-me agora esperar
A melhor maneira de seguir
No submundo e interagir
Mesmo que por enquanto
Eu lá, não consiga sorrir...

(Nane-23/05/2011)

Rascunho de mim


Hoje me passei a limpo
Revi valores
Prioridades
Desejos
Vontades
Pesei na balança
O que de fato importa
Do que preciso
Do que posso
Do que tenho
Do que perdi
Do que está por vir
Deixei prá trás
Os sonhos
Os amores
Os shoppings
A mulher
E no meu papel
Tudo o que sobrou
Foi o rascunho do que fui
Mas eu me passei a limpo...

(Nane-23/05/2011)

No topo do mundo

Subi bem alto num mirante
Olhei o mundo lá de cima
Me senti tão pequena...distante
Poeta sem rima

Escutei o silêncio da solidão
E mergulhei no seu abraço
Senti a força da sua possessão
Sem forças para me desprender desse laço

Me deixei possuir
No alto do mirante
Sem nada exigir

É forte a solidão
Que me abraça e me mantém
Escrava da minha própria desilusão

(Nane-23/05/2011)

Logo alí...


É logo alí o horizonte
Só preciso um pouco mais, navegar
Atingir aquela linha alí distante
E nunca mais eu vou chorar

Lá eu sei que vou ter paz
O horizonte é onde eu quero estar
Chegar lá, eu sei que sou capaz
E nessa linha, com certeza vou chegar

E todo dia ver nascer o sol
E da lua me despedir
Sentada num atol

Vou remar até meu horizonte
Mesmo exausta e com sono
Quem sabe não chegarei a qualquer instante...

(Nane-23/05/2011)

O barquinho

A lua emerge do mar
Num instante de encontro com o sol
Que logo no mar vai se deitar
E desaparecer no horizonte

Eu...navego solitário
Nas águas serenas do mar
Sou peixe nesse aquário
Que a natureza vem pintar

Deixo o pensamento navegar
E me transportar para outro lugar
A lua me fascina
A saudade me alucina

Meu barco vai em direção a lua
Tão clara, imensa e nua
Meus pensamentos vão ao seu encontro
Que eu perdi num desencontro

Vou me deixar a navegar
Sem um porto prá ancorar
Sentir o balanço do mar
Até o dia raiar

Quando o sol voltar
E a lua for descansar
Eu volto a rotina
E tiro você da minha retina

Deixa meu barquinho deslizar
Nas verdes ondas do mar....

(Nane-23/05/2011)

Sopro de vida

Te sopro um sopro de vida
Soprado do meu interior
Te mando em forma de brisa
O perfume da flor

Sou palhaço assumido
Com o intúito de ter fazer sorrir
Se na minha alegria sou contido
A sua você deverá sempre exibir

Sinta a brisa que te sopro
Como um carinho que te faço
Respire fundo esse sopro
É ele o meu abraço

É leve e perfumado
É limpo e gentil
É como flor pro ser amado
É como um sonho infantil

Adormeças ternamente
Embalada pela brisa
E só desperte finalmente
Prá beleza que é a sua vida...

(Nane-23/05/2011)

Despetalando...


A última das minhas flores
Se despetalou no meu jardim
Forrou o gramado orvalhado
Com suas pétalas caídas

Foram-se todas as suas dores
Chegaram enfim ao fim
Num gramado que vira mato
As pétalas estão perdidas

Já não exalam mais odores
Não atraeem os beija-flores
São meros pontos colorindo
O chão, e aos poucos sumindo

Minha flor se despediu
Acabou o meu jardim
Morreram as flores, implodiu
A primavera chegou ao fim

É preciso reconstruir
Revolver a terra e arar
Outro jardim um dia vai surgir
Outras flores hão de desabrochar

Agora é tempo de descansar
Deixar o mato, conta tomar
As borboletas um dia voltarão
E novas flores aqui germinarão...

(Nane-23/05/2011)

Promessas

Oi Luíza!
Preciso te pedir perdão
Você chegou e eu me calei
Me faltou inspiração

Não se zangue comigo
Acontece com todos nós
Estou sempre contigo
Só calou a minha vóz

Talvez seja o meu momento
Mas que logo vai passar
Rabiscos fico te devendo
E pagarei quando a tempestade passar

Por enquanto Luíza
Eu vou me reciclar
Para decantar você
No mais lindo rabiscar

(Nane-23/05/2011)

Estagnação

Uma agonia me aperta o peito
E não sei dizer porque
Uma sensação de vazio
De um nada, insatisfeito

E nesse ostracismo
Me permito divagar
Mergulhando num abismo
Não sei onde vou parar

É como um buraco sem fundo
Que me puxa...me atrai
Fétido e imundo
Inferno de quem nele cai

Sensação de nada querer
Ou de com nada se importar
Já nem mesmo tem sofrer
É apenas um estagnar...sem fim.

(Nane-23/05/2011)

Nos perdemos

Onde nos perdemos
Em que esquina da vida
Em que fração de segundo
Em que parte do mundo

Porque não nos demos as mãos
Porque seguimos rumos diferentes
Porque deixamos a neblina nos cegar
Porque nos deixamos separar

Te procuro
Não encontro
Grito por você
Mas não escutas

Nos perdemos no caminho
Segui prum lado e você por outro
Meu caminho tem espinhos
No seu...não sei dizer

Vou seguir sozinho
Vou lembrar de você
Onde foi que nos perdemos
Vou tentar recomeçar...

(Nane-23/05/2011)

Louca insanidade

Pobres seres insanos
Que agem sem pensar
E depois deixam o pobre corpo
Uma conta pesada pagar

Agem por impulsos descabidos
Arrogantes e sem pestanejar
Depois ao corpo arrasado
Só resta muito chorar

Pobres loucos desesperados
Que não pensam no que fazer
Fazem e depois as consequências
É um corpo a sofrer

Insanos e sem convicção
Os loucos agem sem pensar
Dilaceram o próprio coração
E o de quem dizem amar

O destino desses loucos
É sempre a doída solidão
A felicidade é para poucos
E aos loucos, só resta o perdão (ou não)

(Nane-23/05/2011)

Fábula real


Numa noite fria de um domingo
O nosso amor chegou ao fim
Era só um conto de fadas
Sem um final feliz
O príncipe virou sapo
E a princesa beijou outro
O sapo virou alimentação
De uma cobra desavisada
E a princesa...
Partiu por outra estrada
Ninguém contou essa história
Ninguém soube desse final
De um amor que se acabou
De um conto que ninguém contou...

(Nane-23/05/2011)

sábado, 21 de maio de 2011

Vontades...

As vontades que eu tenho
Não se deve declarar
São vontades proibidas
O melhor é me calar

Das vontades sem vazão
Ficam mágoas sem razão
Vontades com saudades
De uma nunca realidade

Das vontades que senti
Já não conto mais aqui
São vontades que passaram
E não se realizaram

Agora as vontades se acabaram
Me acostumei a não sentí-las
Vontades veem e passam
As minhas sossegaram...

(Nane-21/05/2011)

Cirando a cirandinha...

Brincar de ser feliz
Ninguém me ensinou
Da roda de crianças
Me deixaram de fora
Não me ensinaram as regras
Não me deixaram participar
Escolheram por chamada
Uma a uma prá brincar
Mas eu não era par
E ímpar não pode na roda entrar
Cresci, e não aprendi
A brincar de ser feliz
A ciranda cirandou
E o meu tempo já passou
Brincar, não brinco mais
Nessa roda eu rodei
E acabou-se a brincadeira...

(Nane-21/05/2011)

Morrendo por você

Em você encontro aconchego
Virou meu grande companheiro
Se aninha em minhas mãos
Me passa segurança
Está sempre por perto
Mesmo quando te proibem
Dá sempre um jeito de se aproximar
E vir me encontrar
Do teu lado eu relaxo
E as vezes me tonteia
Me entrego com sofreguidão
E você me invade o corpo inteiro
Me trazendo a doce sensação
De levitar, de satisfação
Sempre dizem que você vai me matar
E sentir nisso muito prazer
Enquanto isso não acontecer
Sou eu quem acabo com você
Vou dar mais umas baforadas...

(Nane-21/05/2011)

O que sobrou prá mim...

Preciso expurgar
Todos os pecados que cometi
Preciso mergulhar no buraco sem fundo
Que eu mesma arranjei prá mim
Preciso não me iludir
Com expectativas sem razão
Preciso parar de me ferir
Sem dó nem compaixão
Preciso apenas deixar fluir
A vida que sobrou prá mim
Sem cobrar o que não posso ter
Sem desejar ser o que não sou
Preciso da solidão que está em mim
Prá refletir o porque de ser assim
Talvez depois pereça de uma vez
Ou renasça outra vez...

(Nane-21/05/2011)

Eu sou...

No dia sou a escuridão
A frente fria do verão
Sou a chama que se apaga
Na leve brisa que sopra do mar
Sou a sombra da multidão
Em busca de solução
A falta de vontade de prosseguir
O cansaço sem motivo
Sou o poeta sem inspiração
Sem motivos prá rabiscar
Sem ninguém prá amar
Sou um pouco de um nada
Que caminha na madrugada
Sem destino
Sem parada
Apenas por caminhar
Sem ter que me entregar...

(Nane-21/05/2011)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cristo Redentor





Ainda agorinha subi para fumar lá no 11º andar. É o fumódromo do hospital do câncer...E então me deparei com o Cristo lá, de braços abertos, iluminado, no alto do corcovado, abençoando o Rio de Janeiro. Imponente e inerte, o Cristo olha a Guanabara encantado com a cidade maravilhosa que ele mesmo construiu entre o mar e as montanhas. E enquanto solto baforadas de fumaça que se misturam as nuvens esbranquiçadas, aviões passam baixinho fazendo um barulho impróprio por sobre o hospital. Uns pousam e outros decolam, num frenético ir e vir sobrevoando a Guanabara num contorno esplêndido da cidade maravilhosa, agora iluminada pelas luzes faiscantes que a "veste" e enfeita. E foi assim, olhando o Cristo lá, iluminado e imponente, que me lembrei que eu não sei rezar. Mas o Cristo abençoa a Guanabara, que está contida no Rio. Então o Cristo também abençoa os pacientes,  que estão contidos no hospital, também contido no Rio, como a Guanabara...que ele olha lá de cima embevecido.
Hoje tem uma lua linda! Não sei se cheia ou se nova, mas linda como a cidade abençoada pelo Cristo, lá no alto do corcovado. Acho que ela também veio atrás de bençãos do Cristo, que está imponente e lindo, lá no alto do corcovado. Os aviões seguem indo e vindo...no Santos Dumont, que fica nas águas da Guanabara, abençoada pelo Cristo lá no alto do corcovado.
Então, como não sei rezar, vou pedir a ele para abençoar também a lua e os pacientes do hospital do câncer, que está aqui pertinho da Guanabara por ele abençoada.
Meu cigarro acabou; Se for pecado te pedir a benção enquanto fumo, me perdoe, eu não sei rezar...
Dou uma última olhada para ele, lá no alto do corcovado, e baixinho peço a benção, dessa vez sem fumar. Tá na hora de velar o sono da minha irmã no 8º andar do hospital do câncer que fica aqui bem pertinho da Guanabara, abençoada pelo Cristo lá do alto do corcovado.
Boa noite!


(Nane-18/05/2011)

Corredores de hospital.

Fazem seis dias que estou "internada" no INCA (Instituto Nacional do Câncer) da Cruz Vermelha, no centro do Rio de Janeiro, acompanhando minha irmã, que está com um linfoma no sistema linfático. E claro que é desgastante, e mesmo trágico, mas, como não poderia deixar de ser, me peguei "juntando" histórias pelos corredores dessa "casa" improvisada pelas circustâncias que a vida me impôs.
Logo na nossa chegada, numa quinta-feira à noite, deparei com um médico meio louco, perdido, sem saber o que fazer com seus pacientes. Minha irmã (Dini) chegou fazendo muito vômito e constipada (havia mais de uma semana que não evacuava). Como consequência, sentia muitas dores abdominais. E como o paciente do INCA não pode ser "mexido" por outros profissionais, nos debandamos de Volta Redonda, a 120 kilometros do Rio para que ela fosse atendida aqui. O doido, quer dizer, o médico tacou alguns paliativos e me deu um "clister" para que eu mesma fizesse em casa, uma lavagem intestinal nela (sou técnica de enfermagem), e nos mandou de volta para casa. Eu, claro o questionei: Vai mesmo nos mandar para casa? Ela não está bem. Então Dini ainda teve tempo de pedir a ele um "remedinho" para dormir, já que as dores tiravam seu sono. E o louco receitou um diazepam imediatamente para ela. Mas assim que cruzamos a porta da emergência, em direção a saída, Dini começou um concerto abdominal tão escandaloso que o lou...médico veio correndo atrás de nós e a internou. Era o começo da maratona pelos corredores de um grande hospital onde as histórias se misturam e se confundem numa só tragédia, que as vezes ganha ares cômicos, e as vezes faz chorar.
Internaram Dini no sexto andar por falta de vaga no oitavo, que é onde está a clínica adequada para a sua patologia, e lá passamos três longos dias...
Pessoas estranhas umas as outras, dividindo um mesmo quarto com quatro camas, um banheiro (só para uso dos pacientes), uma só televisão, quatro cadeiras, onde os acompanhantes passam a noite sentados, sem coberta, lençol, travisseiro ou outros apetrechos tão necessários ao sono.
Foi lá que conheci as outras três companheiras de patologias cancerígenas e suas acompanhantes: Yara e sua irmã se revesavam nos cuidados com a mãe, portadora de um tumor na garganta. É um plantão de 24 horas para cada uma delas. Carla e sua irmã (Andressa ou Vanessa) também se dividiam nos cuidados com a mãe, que estava traqueostomizada, mas confesso que não sei qual a patologia dela. E havia uma senhora que o câncer a fez perder o olho
esquerdo. Ela estava internada para ser operada e ser preparada para uma plástica reparadora total, colocando inclusive o olho perdido (prótese, lógico). E essa senhora era acompanhada pelo marido, sujeito dedicado e carinhoso com ela (embora feio e relaxado), mas era bastante estranho o ter por bendito ao fruto na enfermaria feminina. O cara tomava banho no banheiro das pacientes, usava o vaso sanitário e não abaixava a tampa, molhava o banheiro todo com seus pingos de xixi, e o pior, a noite roncava feito uma serra elétrica.
Acabamos nos aproximando e gostando uns dos outros, e trocamos histórias de vida e infortúnios também. Carla me deu seu telefone, e pegou o meu. E me contou boa parte de sua história nesses três dias d sexto andar. Até num sarau musical e voluntário nos fomos, e foi bastante engraçado tentarmos acompanhar o pobre cantor com nossas vozes lindas que nos deixavam uma única certeza: Que bom que não optamos pela bela profissão de cantoras. hahahaha
Quero contar isso aos poucos, em crônicas fragmentadas e com muita veracidade. Por isso vou parar por aqui e continuar amanhã...com histórias que ouvi e vivi no INCA.

Rabiscos tempestuosos

Rabisco sem vontade
De nada rabiscar
Apenas para não parar
Ou mesmo enlouquecer
Se parar para pensar

E permito turbilhões
De pensamentos elétricos
Que passam em jato
E fazem barulho
Rompem as barreiras
Do som do meu silêncio
E vagam solto em mim
Chocando
Dançando
Vibrando
Chorando
Sem meios termos
Metades
Inteiros
Sem freios

Parada me canso
Sem nada fazer
Apenas pensando
E olhando a tempestade
Que se forma em mim
Nos choques dos neurônios
Que clareiam meu cérebro
Sem conseguir me iluminar

Pensamentos perdidos
Gastos e desgastados
Volto a rabiscar
Sem vontade de falar...

(Nane-08/05/2011)

Tempo que faço...

Tempo que tenho
Presa nas redes
Da saúde débil
Que de mim depende
Tempo que me faz falta
Porque não mais o tenho
Prá cuidar de mim
Ou somente descuidar
Tempo que me faz
Sentir egoísta
Por reclamá-lo
E vê-lo se extinguir
Sem poder pará-lo
Deixando passar
Envelhecendo
Nas paredes do prédio
Que o consome sem dó
O meu e o dela
Corpos que se detrioram
Presos no tempo
Do prédio sinistro...

(Nane-18/05/2011)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Abandono

Passam os dias...
Passam as noites...
Você não vem
Não sei onde está
Será que vai voltar?
Será que é o fim?
Porque me abandonou?
Porque me deixou?
Não consigo sobreviver
Uma inquietação me perturba o ser
Você não está aqui
Não sei viver sem ti
Preciso do seu abraço
Me envolvendo a todo instante
Meus pensamentos andam distantes
Não consigo concentração
Sem você...inspiração

(Nane-11/05/2011)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A mudança é a lei da vida

Tudo muda
Estamos em constante mutação
Nascemos amebas
É a lei da evolução
Do átomo ao ser complexo
Que se multiplica com o sexo
Tudo é mutável
Nada permanece igual
O que foi hoje
Amanhã não mais será
Se foi...acabou, mudou
O que fica disso tudo
São lembranças do que foi
E que nunca mais irá voltar
Porque o importante é continuar
Na eterna mutação
Em busca da tão sonhada perfeição
Tudo muda o tempo todo...

(Nane-06/05/2011)

Saindo de cena

É preciso saber sair de cena
Na hora exata disso acontecer
Não vale a pena insistir
Ficar é permanecer no erro
Vou sair de mansinho
Para ninguém me perceber
Vou deixar o rumo seguir
Ainda que eu tenha que sofrer
É só questão de acostumar
Somos todos mutantes
Nos adaptamos com o instante
Só tenho que ter forças
Prá não mais continuar
No erro que é permanecer
Vou sair de cena
Como um ator fenomenal
Que se despede numa cena triunfal
E se torna com a morte,...imortal

(Nane-05/05/2011)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amanhã

Amanhã será um outro dia
Não sei como vou acordar (ou se vou)
Talvez tenha passado essa sensação de inutilidade
De pouca vontade de prosseguir...
Amanhã talvez eu queira mais
Quem sabe renascer das cinzas
Tal qual fênix encantada
E recomeçar com vontade
Voar sem destino
Pousar na mansidão segura
E esquecer o turbilhão que me domina
Amanhã será um outro dia...
Amanhã serei mais feliz que hoje (espero)

(Nane-05/05/2011)

Falta de tudo

Quero rabiscar e não consigo
A droga da inspiração foi passear
Me deixou a ver navios
Não sei quando vai voltar...
Busco sobre o que falar
Mas só consigo embromar
É rabisco por obrigação
É sexo sem tesão
É time desclassificado
É torcida cabisbaixa
É rabisco sem inspiração...
É falta de notícias
Falta de consideração
Falta de vontade
Falta de continuar
O melhor a fazer...é parar

(Nane-05/05/2011)

Eternamente

Maldita sensação de vazio,
Solidão, angústia, desapego...
Nada tem a importância devida
É depressão da alma solitária
Que vaga sem destino
Por caminhos tortuosos
Que a obrigam a caminhar
Quando o que quer...é parar

E assim, sem rumo ou sem prumo
Ela vaga sem cessar
Sem nada questionar
Ou mesmo desejar
Vaga por obrigação
De uma eternidade condenada
Apenas por nascer
E ter que viver sem morrer...

(Nane-05/05/2011)