O TWITTER DO SARNEY

Minha mãe é idosa e está cansada. Tem sequelas de um AVC sofrido a mais de 25 anos atrás, e por isso não anda sozinha (como ela diz, sou sua bengala humana). Por causa dela eu não posso sair para procurar um bom emprego. Estou desempregada desde agosto de 2007, depois de ter sido dispensada, por término de um contrato que, embora tenha se extinguido ao final de dois anos, foi assinado após eu ter passado num concurso público feito pelo Cespe-UNB, o terror dos concurseiros. E mesmo tendo terminado esse contrato, o hospital onde eu trabalhava, veio a público, na pessoa do seu diretor (na época), para falar do aumento na produtividade do estabelecimento em cerca de 40% com os funcionários que o Ministério da Saúde estava dispensando. Sei que a lei é para ser cumprida, e nesse caso ela foi. Perdi um emprego que eu adorava (eu e mais de mil outros profissionais concursados para um contrato, em que vale ressaltar, tivemos que pagar pela inscrição, prestamos a prova, fomos convocados por telegrama, tivemos o nome inserido no D.O, fomos submetidos ao exame admissional, tomamos posse do cargo, tudo como manda o figurino em qualquer concurso público. Mas não teve jeito. Mesmo o hospital estando em grande déficit de funcionários (isso conosco lá), fomos dispensados em nome da lei. E porque falo isso hoje aqui? Porque gostaria que as pessoas, que por ventura passassem por aqui, entendessem a mágoa e a indignação que sinto ao ver o Presidente do Senado Brasileiro, ex presidente da República, estar sendo apoiado pelo atual Presidente e por um outro ex Presidente da República, como se fosse normal e lícito o que ele, José Sarney vem fazendo com o aval do cargo que lhe foi outorgado pelo povo. Porque entre tantas falcatruas, uma das mais divulgadas (até por ter sido flagrada pela mídia), foi a da distribuição de cargos criados para seus parentes ou afins. Porque enquanto ele se sente ofendido por essas "pequenas coisas da política", eu passo necessidade por não poder ter um trabalho digno que me permita suprir o sustento próprio e me vejo na obrigação de ser sustentada pela magra pensão de uma idosa que mal ganha para manter seu próprio sustento (já que, inclusive sua pensão, é desvalorizada a cada aumento do nosso poderoso salário mínimo). Aí você, que está lendo isso, perguntaria: Porque não pode encontrar outro serviço? E eu te respondo: Porque quando eu assumi meu cargo lá no hospital, meu salário era relativamente digno (o cargo era federal), e isso permitia que eu pagasse alguém para cuidar dela, minha mãe. Eu sou técnica de enfermagem, e a saúde, infelizmente no Brasil, não é uma área muito bem remunerada. Se eu sair para trabalhar aqui fora, não vou ganhar o suficiente para pagar alguém para cuidar da minha mãe. Não sei se fico indignada com esse Presidente do Senado, ou se invejo os apadrinhados por ele. Alguém sabe se ele tem Twitter?