segunda-feira, 3 de agosto de 2009

CENAS DO COTIDIANO...

Foi num fim de tarde desses em que eu e alguns amigos saímos para o tradicional chopinho depois do serviço, que nos deparamos com ela. Uma menina franzina e mal tratada pela vida que leva, mas de olhos vivos e espertos que captam com muita sagacidade tudo o que se passa a sua volta.
Se aproximou da nossa mesa e pediu que comprássemos um doce qualquer que nos apresentou em uma caixa velha, de papelão.
Alguém do grupo perguntou o s
eu nome, e ela, depois de se desculpar educadamente, disse que não costumava se identificar para seus "clientes", pois seu pai assim o exigia. Passamos então a chamá-la de "doce menina".
Convidamo-la para sentar-se conosco e comer um sanduíche, mas ela, novamente, com toda a educação possível, recusou e nos explicou entre lágrimas que teimavam, contra a sua vontade, a surgirem em seus olhos morenos, deixando claro sua vontade em aceitar, mas fazendo prevalecer as ordens que trazia consigo.
Compramos um de seus doces, e ela
abriu um sorriso lindo, ainda que amarelado e cariado, e surpreendentemente, nos disse baixinho: "- Estão vendo aquele homem (não olhem agora...) que está sentado do outro lado da avenida? É meu pai, e está me vigiando. Se eu aceitasse o sanduíche, vocês não comprariam o doce e eu não ganharia nosso sustento. Meu pai precisa do dinheiro. Tenho mais três irmãos, que também vendem doces por aqui, e temos que vender pelo menos R$10,00 (seu doce custava 0,50) por dia, senão apanhamos de cinto"
Entregou-nos o troco de R$4,50 e saiu fe
liz com a venda que fez....



Nenhum comentário:

Postar um comentário