domingo, 30 de abril de 2017

SOB TEU JUGO

Perdoa a confusão em mim
Que me faz não mais te reconhecer
Creia, te amo com a mesma intensidade
Que te amei ao te ver nascer

Perdoa meus lapsos de memória
Mas a idade é cruel e complicada
Faz com que eu me perca de mim mesma
E confunda nomes e afins

Te chamo por outro nome
Mas no fundo, sei que é você
Não ligue para os meus desmandos
Guarde em ti o meu melhor

Sei de toda a dor que te dói
Mas creia, a minha é bem maior
Até por te agredir (e eu sei disso)
Ao não te reconhecer

Gosto dos papos que trocamos
Quando dizemos nada e sentimos
O tudo que nos une simplesmente
Pelo som de nossas vozes

Pouco importa o conteúdo
São, na maioria, palavras desconexas
Mas tão cheias de calor
Que aquece sem fogo e se faz chama

Perdoa a confusão em mim
Quando troco o seu nome
Sou só o que nunca eu quis ser
Guardando a essência do que fui

Te sou grata e te digo isso
Nos instantes que me são dados dizer
Pena serem tão poucos
Mas te disse por toda uma vida (pregressa)

Teu nome não sei mais
Mas confio em teus cuidados
Me entrego ao teu jugo
Cuida de mim...

(Nane-30/04/2017)




terça-feira, 25 de abril de 2017

A DOR DE UMA POESIA


A dor de ouvir
O grito no vazio
Na impotência de atos
Sem esperança nenhuma

Fugir, não adianta
Ficar é regredir
Chorar não alivia
A saga continua

O desespero embaça
O vidro dos óculos
Disfarçando lágrimas
Incontidas na face

O grito ecoando
Num único espaço
Arrebentando os tímpanos
De um templo vazio

Não é mudo esse grito
Mas é surdo o ouvido
De quem não pode ouvir
Deixando de sentir

A saga continua
Na dor do grito vazio
Que chora sua agonia
Sem ao menos ler sua poesia

(Nane-25/04/2017)

ESTRANHO FASCÍNIO


Estranho fascínio
Tão dominante
Enclausurando meu arbítrio
Que de livre, nada tem

Quero outros quereres
Mas não os tenho
São massacrados pelo fascínio
Que exerces sobre mim

Em sonhos tu vens
Apaziguar a saudade
É quando entro em conflito
Por não conseguir adormecer

Resta então escrever
O sonho num rápido cochilo
Trazendo meu sorriso de volta
Ao se deparar com o seu

Tão rápido se desfaz
Na realidade nua e crua
Em que o cansaço vem à tona
De mais uma noite mal dormida

Estranho fascínio
Tão dominante
Enclausurando meu arbítrio
Que de livre, nada tem...

(Nane-25/04/2017)

quinta-feira, 20 de abril de 2017

MEUS CINCO SENTIDOS


Olham meus olhos cansados
Formas disformes contidas
Na retina envolvida em cataratas
Tão bem guardadas na memória

Um rosto sem as feições de outrora
Embora belo como quando visível
Martela na mente doentia
Que teima em visualizar o amor

Vejo formas disformes
Num vulto efêmero que me toca
Na surtada imaginação que dá forma
Em sonhos diluídos no amanhecer

A voz falada em meus tímpanos
No silêncio da noite escura
Em que não sei se durmo
Ou viajo em outra dimensão

Enganam-me os olhos e os ouvidos
Além do tato traiçoeiro
Que sente o calor do toque explícito
Tão real em sua marginalidade

O gosto surreal em minhas carnes
Traz o cheiro da maresia embriagante
Quando me perdia por instantes
No mar da loucura que tu fostes

Hoje, as formas se disformam
Na real sensação de apenas sonhos
Onde nada é realidade
E tudo não passa de saudade

Cansada de tanto desdenho

Acordo na frieza do momento
-E olho com meus olhos cansados
As formas disformes em desalentos

(Nane-20/04/2017)





domingo, 16 de abril de 2017

DOMINGO DE PÁSCOA

Por onde andam meus filhos
Escondidos talvez
Para que eu os procure
Pelos quatro cantos da casa
Como eu fazia com eles
Quando escondia os ovinhos
Que eles, ainda que desapontados
Com o tamanho, encontravam

Mas não encontro ninguém
Só uma que se diz
Ser filha minha
Mas implica com meus gritos
Quando chamo por meus filhos
E repito incansável
Coisas desconexas
Por não os encontrar

Por onde andam meus filhos

Escondidos de mim
Preocupados talvez
Com os filhos de seus filhos
Que procuram pelos ovinhos
Escondidos pelos filhos dos meus filhos
Que sem tempo para se esconderem
Me deixam tonta na busca por eles

Por onde andam meus filhos
Que eu tanto queria encontrar
Só para lhes ensinar
O valor da liberdade
Que a páscoa simboliza

Nesse domingo de esconde-esconde
Em que grito e ninguém responde
Onde estão meus filhos....

(Nane-16/04/2017)


sábado, 15 de abril de 2017

ELO DE QUIMERAS

Um pouquinho só
Do muito que quis
Sem nunca nada ter
Além da louca ilusão

Vendas nos olhos
Na estrada percorrida
Entre flores e espinhos
Levitando e arrastada

Vermelhidão das flores
Manchando de púrpura
A vergonha na face
Das lágrimas corridas

A mentira desfeita
Em chagas apodrecidas
Fétidas em verdades
Tão destrutivas

O certo errado
Num erro de princípios
Onde o nada se fez tudo
Na derrocada de outro nada

Sombras perversas
De um passado perdido
No presente desencontrado
Sem nenhum futuro

Tempo perdido
Diriam todos
Sem saberem o que foi achado
Nesse elo de quimeras

Um pouquinho só
Do muito que quis

Sem nunca nada ter
Além da louca ilusão

(Nane-15/04/2017)

terça-feira, 4 de abril de 2017

SEM SABER O QUE FAZER

Perdi o foco
De meu destino
Me vi assim
Sem norte, sem sul

Combalida e em desalinho
Sem saber onde chegar
Onde está a sua mão
Vem guiar meu caminhar...

Na noite nefasta e obscura
Escuto sons fantasmagóricos
Querem me tirar você
Sem se importarem com a minha base

Lamentos e loucuras se misturam
Ao egoísmo do meu querer
Dopo teus sentidos num diazepam
Te prendendo a uma vida miserável

Libertas que serás tamen
Ainda que tardia essa viagem
Liberdade de fato e sem presilhas

Fundida no pulsar extinto

Molha o papel as lágrimas
Enquanto tento rimas sem sentidos
Que papel porra nenhuma
São teclas de uma tela fria

Misturas de sentimentos e assuntos
Loucuras de neurônios em desalinhos
Cérebro em alfas e ômegas
Mando, desmando, me atenho


Deus, meu Deus
Te peço, abstenho-me, suplico

Liberta e deixa voar
A ave contida e presa

Ah...não tente entender
O desabafo de quem bebeu demais
Deixa ir, deixa ficar
Me deixa só um pouco...chorar

O que vivo ou o que faço

A ninguém deve importar
Amanhã, quando eu acordar
Nada disso (que escrevi) vou lembrar

É só um desabafo

De um notívago inveterado
Que sente medo da claridade
Do novo dia que se aproxima

Haja o que houver
Esse silêncio me atordoa
Sou restos do que fui
Nada mais me faz sonhar

Dorme, teu sono forçado
Livre das dores que te afligem
Prostra teu corpo dolorido
Jogado no leito estendido

Talvez amanhã não despertes
Talvez eu chore a tua falta
Talvez amanhã sorrias
Talvez amanhã sejas livre

Perdi o foco
De meu destino

Me vi assim
Sem norte, sem sul...

(Nane-04/04/2017)