segunda-feira, 11 de maio de 2015

VÍSCERAS MISTURADAS

Exponho as vísceras
No meu desespero
Que grita teu nome
No meu silêncio

Dentro de mim
Se fez tsunami
Sacolejando meus órgãos
Misturados e sem lugar

Esvaindo o sangue
Jorrado em lágrimas
Salgadas e adocicadas
Com cheiro nauseabundo

O pulmão enegrecido
Comprimindo o coração
Perdidos no fog da fumaça
Do cigarro companheiro

Bate nas costas e cabeça
Não sei se cérebro ou coração
Só sinto o pulsar insano
Da saudade do teu corpo

Rasgo com minhas unhas a minha pele
Na esperança de ver aliviar
A pressão dessa dor que me consome
E fugir da tua opressão

O peito já não sangra mais
Na cirurgia da triste poesia
Só não sei o que deve ser extirpado
Pra tirar você de mim

Onde está meu coração
Nessa arritmia dos meus órgãos
Atrás da penumbra dos pulmões
Ou no cérebro ensandecido

Pouco importa isso agora
Sou retalho do que fui
Exposta e a venda na xepa
Dos mortos vivos por amor

(Nane-11/05/2015)

*ARTE: Espuma, latex e acrílica s/ papel de:

Bárbara Avelino

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