domingo, 8 de julho de 2018

LETRAS DE SANGUE

A pena sem pena
Mergulha no carmim
Da veia perfurada
Para a escrita lacerada

Na folha branca
O vermelho toma forma
De letras conjugadas
Em uma poesia lúgubre

Borram-se as letras
Com o sangue escorrido
Na alvura do papel

Entregue ao menestrel

Que lê com seus sentidos
Enquanto declama por consideração
Ao sangue servido de tinteiro
Na missiva sem destinatário

Sente o cheiro nauseabundo das letras
Afastando as moscas famintas
No balançar repetido da mão

Enquanto a leitura não se acaba

A folha branca ensanguentada
É amassada e descartada
O menestrel silencia
A poesia está consumada

(Nane - 08/07/2018)






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