segunda-feira, 26 de março de 2018

APENAS UMA TELA EM BRANCO

Nebulosas sensações
De paradigmas relacionados
À sofreguidão do desejo
De persistir sem naufragar

A embolia no cérebro
Implodindo a respiração
Inquietando resoluções
Disritmando o coração

Essa verdade absoluta
Que teima em ofuscar
A vontade intensa do querer
Que a mentira seja real

O nada em seu leito supremo
Preenche o vazio intenso
Transformando em cinzas as vontades
Pintando de branco o colorido

Branco de uma paz tão intensa
Anulando qualquer burburinho
Deixando no vácuo emoções
Transformando em nada um tudo

Enquanto passa a vida
Na "tela" em branco divago
Sou o que fiz de mim
O sopro de um suspiro

Doce suspiro doce
Esfarelado por meus próprios dedos
Relegados em forma de poeira
Ao sabor de uma incerta ventania

Sigo o destino da fumaça
Sem me preocupar onde parar
São sensações nebulosas
Contidas no arfar de cada respirar

Nessa verdade absoluta
Vejo o tempo passar
Nem mais minha mentira interessa
Vejo só o tempo...passar

(Nane-26/03/2018)

MEU IRMÃO CAMARADA

Você, meu irmão
Meu amigo, companheiro
Em tantas jornadas
Vitórias e derrotas

De mãos dadas...sempre

Vidas compartilhadas
Por caminhos pré determinados
Na seara obscura
Do destino escolhido
Ou talvez...imposto

Traz nessa caminhada

A segurança e o conforto
No segurar da tua mão
Desbravando o caminho
Com a simplicidade do teu carinho

E na cumplicidade
Que naturalmente nos une
A confiança do saber
Que com você posso contar
Me ensina o que é realmente o amar

Você, meu irmão
Às vezes tão longe, por outras tão perto
Sabe e sente o valor desse amor
Que nos une e faz morada
No meu e no seu coração

Desfila em nossas memórias
Todos e tantos os momentos
Em que juntos passamos
Da infância à maturidade

E que só a nós...pertence

Então irmão
Pouco tenho a dizer
No dia do seu aniversário

Felicidade, saúde e paz
Além do orgulho de te ter como irmão

(Nane-26/03/2018)


sábado, 24 de março de 2018

DOS VERSOS QUE FIZ

Talvez seja o fluxo das palavras
Que me faça pertinente
Expulsando a timidez
Guardada à sete chaves


Talvez sejam as metáforas
Que nas entrelinhas expõem meu avesso
Dobrado no silêncio das gavetas

Talvez seja até mesmo a falta da sutileza
Que faz de mim, loba
Bem mais acentuada que o carneiro
Exposto à minha indelicadeza

Talvez todo o meu escrito
Não direcione a quilometragem
Da vida que se não bem vivida
Ousou sonhar em manuscritos

Talvez sejam os fios do sol
A linha com que bordo
Meu dia a dia em melancolia
A cada por do sol transformado em poesia

E sem mais com o que sonhar
Guardarei no peito meus versos
Que só a ti, num outro lugar
Hei de declamar e, quem sabe, me declarar...

(Nane-24/03/2018)

quarta-feira, 21 de março de 2018

TENSÃO P(RÉ)EARL JAM

Um dia no shopping
Eu, na lua
Comprando roupas
Um calçado confortável
Almoçando fora
Agendando um salão
Dia de "princesa"

Escolho uma blusa

Duas...
Um "macaquinho jeans"

Nem penso no preço
Me vejo lá (no maraca)
Ouvindo e vendo Pearl Jam
Black...minha tarde


O almoço entalado
O bacalhau engasgado
Um "piriri" desgraçado
Largo minhas escolhas (mercadorias)

Corro ao banheiro do segundo andar
Está interditado
Tranco as pernas e corro para o terceiro (andar)


Uma fila gigantesca
As pernas trançadas

Tento assoviar (para esquecer a vontade)
A porta se abre
Entro correndo
A hora é essa

Seja o que o intestino quiser

O medo do barulho
Que o traíra do esfincter ameaça

E o odor que invade
Aquelas paredes
Ai meu Deus, quanta vergonha

Vou ter que abrir a porta
Vão me apontar (fedida)

Ouço a sentença (ainda lá dentro)
Nossa! Desisti de fazer xixi
Vou sair daqui
Meu Deus!
Abro a porta, cabisbaixa
Lavo minhas mãos
Não sou Pilatos

Abaixo a cabeça e saio

Na esperança de não me apontarem
Desço as escadas rolantes

Torno a entrar na loja
Levaram minhas roupas (escolhidas)
Ninguém me nota
Vou tornar a escolher


Saio feliz
A vergonha passou
Sorrio e não acredito
Que aconteceu comigo
Meu dia de "princesa"
Foi "black", Pearl Jam
Agora é só curtir

*Tomara que tenha passado o "piriri"
PS: O show será hoje à noite.

(Nane-21/03/2018)




sábado, 17 de março de 2018

REFLEXOS NO ASFALTO

Olho a cidade
Com suas luzes acesas
Refletidas no asfalto
Molhado pela chuva

Imagens distorcidas
Sugerem fantasmas
De seres etéreos
Que se desfazem na fumaça

As vozes se calam
Mas ainda as ouço
Eles passeiam pelas ruas
Se desfazem na fumaça 

Silhuetas conhecidas
Sorriem para mim
Fogem do meu abraço
Estou só, no asfalto

Não, não é sonho
Nem tão pouco pesadelo
É só meu espírito liberto
Comungando liberdade

Não se deixam tocar
Apenas sorriem para mim
Não falam comigo
Mas ouço suas vozes

São tudo o que eu preciso
São tudo o que eu tenho
Meus fantasmas e eu
Eu e meus fantasmas

Refletidos no asfalto
Molhado pela chuva
Iluminados pelas luzes da cidade
Eu não caminho só...

(Nane-17/03/2018)


terça-feira, 13 de março de 2018

AMANDA

Oi menina
Hoje é seu dia
Vim te desejar
Feliz aniversário

Faça a tua festa
Já que tantas outras faz
Seja só teu esse dia
Repleto da sua alegria

Que Deus te abençoe
Te proteja e te guarde
Que te reserve muito amor
Que te faça ser completa

Resplandeça em ti (sempre) esse sorriso
Aflorado de tua essência
Seja sempre o que tu és
Feliz aniversário

(Nane-13/03/2018)



TODOS OS LIMITES

Chegam ao limite tantas sensações
Transbordando sentimentos revirados
Sou força, sou fé, sou fraca, sou mulher
Misto da influência absorvida que me fez

Rabiscos sem sentidos por vezes
Assoprando cinzas de outras primaveras
Brotando sementes de flores escondidas
Sob o manto da morte imaginada

Vem então a tal felicidade
Vivida intensamente em segundos
Que se tornam imortalizados
Acumulando-se na minha eternidade

A dor, a ansiedade, a tristeza
Também não passam de momentos
São as maiores aprendizagens
Que se não entendida, nos faz esmorecer

Na aragem à beira mar
O carinho da maresia 
Faz lembrar o ir e vir da maré
Lavando toda a água do mar

O certo e o errado confrontados
No feio e no bonito do que julgamos
O imediatismo tão dono da verdade
Já não tem mais nenhuma importância

A harmonia no voo da gaivota
Sugerindo a paz no silêncio das alturas
Até o rugir da lava incandescente
Cuspindo o fogo da ira de um vulcão

Transbordam todas as sensações
De bem, de mal, do velho, do novo
De grande, de pequeno, de tudo, de nada
Implodindo ou explodindo todo o meu ser

(Nane-13/03/2018)




sexta-feira, 2 de março de 2018

VOCÊ É FESTA

O que escrever para você
Que pela primeira vez
Aniversaria longe de mim

Eu te achava imortal (e é)
Pensava mesmo que viraríamos sementes
Juntas


Você se foi
Num domingo, num crepúsculo
Feito ave que adormece

Ficou um vazio
Que eu tento preencher
Com lembranças tão minhas

Não sei se a "ficha caiu"
Mas te vejo a todo instante
Te sinto ao meu lado

Misturo todos os seus "eus"
A mãe, a amiga, e a filha
Numa confusão intrínseca

Este ano não haverá um bolo
Nem tão pouco uma festa
Ninguém cantará o "parabéns"

Então escrevo
Revivendo na memória
As festas dos seus aniversários

(Nane-03/03/2018)