quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

TREVAS

Escureceu a claridade
E fez-se noite o dia
Sombras apagam o sol
Escondendo a lua
Obscura por fantasmas

Gótica poesia
Em meio as trevas 
Sem lume ou rimas
Banhada na dor
Distante do amor

A Dama de negro
Se faz musa
Enquanto me desnuda
E em seu manto me embrulha
Num despacho sem sedex

De que hora eu falo
Não sei dizer
Dia e noite, noite e dia
É impossível haver poesia
Nas trevas duradouras

De quente
Só o sangue que fervilha
Na gelidão de um coração
Impávido e sem emoção
Pulsando por precisão

As dores não importam
Mesmo que ardentes 
Em óleos ferventes
Senti-las é inerente
Ao dia que se fez noite

A cova não me terá
Só mesmo o fogo me consumirá
No derradeiro instante
Quando o nada me abraçar
E só as cinzas restarem

Gótica poesia homérica
Cega e sem percepção
Na epopeia de uma odisseia
Em terras sem lume
Em trevas perpétuas

Escureceu a claridade
E se fez noite o dia
Sombras apagam o sol
Escondendo a lua
Obscura por fantasmas

(Nane-04/01/2017)

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