Escureceu a claridade
E fez-se noite o dia
Sombras apagam o sol
Escondendo a lua
Obscura por fantasmas
Gótica poesia
Em meio as trevas
Sem lume ou rimas
Banhada na dor
Distante do amor
A Dama de negro
Se faz musa
Enquanto me desnuda
E em seu manto me embrulha
Num despacho sem sedex
De que hora eu falo
Não sei dizer
Dia e noite, noite e dia
É impossível haver poesia
Nas trevas duradouras
De quente
Só o sangue que fervilha
Na gelidão de um coração
Impávido e sem emoção
Pulsando por precisão
As dores não importam
Mesmo que ardentes
Em óleos ferventes
Senti-las é inerente
Ao dia que se fez noite
A cova não me terá
Só mesmo o fogo me consumirá
No derradeiro instante
Quando o nada me abraçar
E só as cinzas restarem
Gótica poesia homérica
Cega e sem percepção
Na epopeia de uma odisseia
Em terras sem lume
Em trevas perpétuas
Escureceu a claridade
E se fez noite o dia
Sombras apagam o sol
Escondendo a lua
Obscura por fantasmas
(Nane-04/01/2017)
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