segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

VERGAS DE RAIOS



Tempestade anunciada
Vergas de raios flamejantes
Não há poesia em meus versos
Só o derrame da verve

Gritos contidos e malfazejos
Arrombando aos poucos o tórax
Pressionado em amarguras constantes
Deixando latente o órgão pulsante

Frio num calor escaldante
Rompendo todo o discernimento
Rasgando folhas de poesias
Queimando ideias e ideais

Onde anda a inspiração de quimeras
Que mesmo sabendo não se realizar
Alimenta a alma e o corpo
Cansados do vazio cheio do nada

Morreu a coitada nas lavas
De um íntimo vulcão
Que agora entrou em ebulição
E vomita suas lavas de acidez

Não pode haver inspiração
No caos de um beco sem saída
Onde o rato encurralado se agiganta
Transformado em dragão pelo destino

Sem nenhuma poesia rabisco
Versos derretidos no fogo
Transformados em palavras malditas
Dizendo coisas que não digo (por covardia)

Tempestade íntima anunciada
Num tórax sufocado e dolorido
Onde a lava de um vulcão adormecido
Desperta e vomita suas mágoas...

(Nane- 30/01/2017)



GOTAS CRISTALINAS

Gotas cristalinas caindo
Enchendo os leitos dos rios 
Amaciando a terra ressequida
Quebradiça e sem viço

Chuva abençoada 
Refrescando e lavando o suor
Do sertanejo que teima em permanecer
Na terra onde quase nada teima em não crescer

Olha pro céu e agradece
O cheiro da terra molhada

Na fé de que agora ela vai parir
Os frutos das sementes plantadas

As mãos calejadas se acostumaram
Ao cabo da enxada enferrujada
Singrando as entranhas da terra
Plantando o grão do pão

É a sina deste ser
Que pede a São José
Com toda a sua fé
As gotas cristalinas do céu...

(Nane-30/01/2017)







sábado, 28 de janeiro de 2017

SUGESTIONADA

Sorve
Minha verve escandalosa
Derramada sem vertentes
No branco do papel
Amassado e posto fora

Pouco importa meus escritos
Que se não são poesias
Desnuda minha alma
Aflita e celerada
Vagando sem destino

Perdeu-se ela em atrofias
De um tempo que não seu
Onde o nada perturba
O tudo que se desmoronou
Num frenesi apoteótico

Embriagada tonteia
Cada vez que tenta se encontrar
Afundando cada vez mais
No espaço entre os tempos
Do ser e do estar

Assopra então e manipula
Meus dedos nervosos
Que rabiscam sem se dar conta
Que a autoria não me pertence
É só sugestão do além...de mim

(Nane-28/01/2017)


AMÉM

Sejam teus
Meus suspiros perdidos
No tempo e ao relento
Sem pouso ou parada
Sem nada a acrescentar
Suspirando apenas por suspirar

Sejam meus
Teu olhar inquisidor
Por vezes maliciosos
Mas sempre diretos
Refletindo tua aura
Ora meiga, ora endiabrada

Sejam nossas
As lembranças passadas

Do que nunca existiu
E tanto estrago fez
Mais em mim do que em ti
Que seguiu sem mim

Sejam vossos
A felicidade do viver
Cada segundo como o último
Na santa ignorância do amanhã
Que desperta na alvorada reluzente
De um sol que brilha para todos

Então...que assim seja

(Nane-28/01/2017)

sábado, 21 de janeiro de 2017

TERRA ADORADA


Cabisbaixos olhos
Perdendo a visão bonita
De um país tropical
Abençoado por Deus
E maldito pelos homens no poder

Sofrem seus filhos

Por não serem nação
Preocupados em levar vantagens
Sem nada dividir
Com o irmão do lado


Morrem de fome os incautos
Ou nos corredores dos hospitais
Arrependidos dos votos trocados
Pelas trintas moedas da traição
No dia que seria o da libertação

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa tristeza
Terra adorada! Entre outras mil, és tu Brasil
A fraude planejada e executada sem dó

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Mas teu risonho céu e límpido
Esconde a podridão de governantes
Que decepam a esperança do teu povo

Terra adorada! Entre outras mil és tu Brasil
A fraude planejada e executada sem dó

(Nane - 21/01/2017)

*Espero que daqui a vinte anos esse rabisco
não continue atual. :(

A VOZ DO CORAÇÃO

Escuta minha voz
Que sussurra baixinho
Teu nome noite e dia
Fazendo dele, poesia


Ninguém lerá
Meus versos pedantes
Num acróstico revelador

Do meu grande amor

Não lerá, por não o escrever
Mas o direi baixinho
Dia e noite, noite e dia
Te fazendo minha eterna poesia

Escuta minha voz
Poetizando teu nome

Desperta ou adormecida
Em meio aos teus encantos

É minha mais linda poesia
Invisível aos leitores
E no entanto enraizada
No âmago de minha inspiração

Escuta minha voz
Que te chama noite e dia
Esperando ser ouvida
E declamada por teu coração

Escuta a minha voz...


(Nane-21/01/2017)

sábado, 14 de janeiro de 2017

LEMBRANÇAS AO VENTO

Lembra daquele tempo
Em que juntos estávamos
Sem nenhuma obrigação
Além de ser feliz

Foi um tempo sem noção

Que se foi pra não voltar
Tão curto e infinito
Na eternidade das lembranças

Nada se perdeu
Nada se acabou
Sonhos de crianças
Em memórias de adultos

Errados num tempo
Forçamos o momento
Levado pelo vento
Largado nas saudades

Outros rostos
Outras vozes
Outras memórias construídas
Nas lembranças renovadas

Vez por outra pensaremos
Nos planos que fizemos
Revivendo dentro em nós
Todos os momentos daquele tempo

Daquele tempo
Em que juntos estávamos

Sem nenhuma obrigação
Além de ser feliz...

(Nane- 14/01/20117)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

VIDA ALÉM DA TELA



Brinca a vida na tela fria
Onde o fake nasce
Enganando a si próprio

Virando espectro sombrio

Cobra a vida na realidade
Tão fria quanto a tela
Onde sonhos se transformam
Em poesias retirantes

Restam os sonhos do morto
Transformados em quimeras
Tão disformes quanto ele
Em seu sepulcro vigente

Vive a vida sem emoções
Pela obrigação de ser vivente
Tentando escapar da realidade
Fria feito a tela

Amálgama de sensações
Entre o ser e o estar
Perdidas num limbo perigoso
Entre a loucura e a sanidade

Preço caro a pagar
Da vida pela vida
Onde o errado se fez certo
E o certo está errado

Nada mais vale a pena
Além do seguir em frente
Fake não tem perdão
É só coisa da imaginação

A vida como ela é
Vai seguir sua direção
A tela será para sempre fria
Restando nela...a poesia

(Nane- 12/01/2017)

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

DANEM-SE TODOS



Dane-se todo o certo do mundo
Quando meu errado
É o que me sustenta
E me dá a vida

Perdoe-me a sanidade
Mas é na loucura que me realizo
Quando os sonhos se dissipam
E a realidade é só minha

Gritam-me que sou louca
Respondo num mesmo tom
E meu imaginário me completa
Na plenitude dos meus dias

A solidão não me acompanha
Posto que vivo em quimeras
E lá, ninguém me tira
O direito de ser feliz

Não há lá
Nada e nem ninguém
Que tira o meu amor
Que me faça sentir dor

Tudo bem
Você diria
Louca, profana e inconsequente
Responderia eu: feliz assim eu sou

Dane-se todo o certo do mundo
Quando o meu errado
É o que me sustenta
E me dá a vida...

(Nane-10/01/2017)

sábado, 7 de janeiro de 2017

DORME MENINO

Dorme menino
Teu sono de reparo
Após tantas estripolias
Num dia tão pequeno
Para tantas reinações

Descansa meu menino
Das pedaladas na bicicleta
Dos mergulhos na piscina
Das mangas recolhidas
Do quintal por onde reinas

Refaça, meu pequeno
Em teu sono tranquilo
Tuas forças de menino
Que não sonha com o futuro
E vive só o instante

Lá fora sopra uma brisa
Sob uma meia lua
Quase inteira que se deleita
Entre tantas estrelas
Prenunciando o astro rei no dia seguinte

Dorme meu menino
Que ao raiar do dia
Viverás intensamente
A vida como deve(ria) ser vivida
Por todos os que um dia foram crianças

Descansa meu pequeno
Enquanto a infância soberana
Nada te cobra, nem tão pouco se importa
Com o amanhã que está por vir
Ou com o homem que virá

Viva, meu menino
Pleno e sem preocupações
Cada minuto intensamente
Desta fase que te faz
Ser dono absoluto do seu mundo

Durma em paz...

(Nane-07/01/2017)



quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

TREVAS

Escureceu a claridade
E fez-se noite o dia
Sombras apagam o sol
Escondendo a lua
Obscura por fantasmas

Gótica poesia
Em meio as trevas 
Sem lume ou rimas
Banhada na dor
Distante do amor

A Dama de negro
Se faz musa
Enquanto me desnuda
E em seu manto me embrulha
Num despacho sem sedex

De que hora eu falo
Não sei dizer
Dia e noite, noite e dia
É impossível haver poesia
Nas trevas duradouras

De quente
Só o sangue que fervilha
Na gelidão de um coração
Impávido e sem emoção
Pulsando por precisão

As dores não importam
Mesmo que ardentes 
Em óleos ferventes
Senti-las é inerente
Ao dia que se fez noite

A cova não me terá
Só mesmo o fogo me consumirá
No derradeiro instante
Quando o nada me abraçar
E só as cinzas restarem

Gótica poesia homérica
Cega e sem percepção
Na epopeia de uma odisseia
Em terras sem lume
Em trevas perpétuas

Escureceu a claridade
E se fez noite o dia
Sombras apagam o sol
Escondendo a lua
Obscura por fantasmas

(Nane-04/01/2017)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

SÓ POR UM INSTANTE



Por um instante
Pensei em ti
Pensei em mim
Me deixei levar
Por onde não estás

Não...
Estás onde estou eu
Sou eu quem não está 
Onde você respira
E me elimina

Por um instante pensei
Ter sido parte de ti
Quando na realidade
Fui partida e retirada
Da parte em ti que me retinhas

Em minha retina te vejo
A todo instante em que pisco
Bolor de um amor extinto
Em ti alçado por mim
E execrado por ti 

Choro e lamento o fim
Do que nunca, jamais existiu
Vivo da fantasia que criei
De um nada que se fez o meu tudo
Feito areia presa nas mãos

Por um único instante acreditei
Ter sido percebida por ti
Até que a realidade me disse
Que o nada é pouco pra mim
E você é só o início do meu...fim

(Nane-03/01/2017)