Eu tinha tantas coisas bonitas para dizer
Mas as palavras engasgadas foram sufocadas
E meus versos perderam suas rimas
Num epílogo predestinado
Me pergunto onde anda você
Sem ter resposta alguma
Surto ao ponto de imaginar
Que tudo não passou de mera ilusão
Feito o nômade perdido num deserto
Entre oásis de quimeras
Tento em vão segurar na sua mão
Que feito a areia, escorre pela minha
As palavras, essas já caladas
Regurjitam blasfêmias inauditas
Contidas e processadas
No fel das vísceras estragadas
Um só sentido de tudo o que foi sentido
Desgovernado não faz nenhum sentido
Embora tenha sim, sido sentido
No emaranhado de tantos sentidos
As vezes ao poeta resta
O clausuro de suas próprias palavras
Para que nunca seja em vão
A poesia contida e não escrita
Eu tinha tantas coisas bonitas para dizer
Mas bastou que eu tentasse escrever
Para que o morredouro imperasse
E a incapacidade viesse a prevalecer
(Nane-14/04/2018)
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