sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

CÍCLICO

Ouço o som do silêncio
Enquanto procuro o som da sua voz
E nesse silêncio escuto
O que eu sempre quis escutar

O tempo
Esse dono de todas as verdades
Por vezes maltrata
Impondo saudades

Por outras
Se torna amigo
Amenizando as dores
Festejando reencontros

O tempo
Passado, presente e futuro
Num ciclo que nunca termina
Se renovando em gerações

Me vejo menina
Tão pequena e carente
Em busca de um carinho
Da mãe com tantos outros filhos

Me vejo mulher
Com um só filho
Posto por sob as asas
Fazendo o meu carinho

O tempo
Que sem que eu percebesse
Passou
Mas o ciclo não se quebrou

Meu filho
Incluso no ciclo
Teve o seu filho
Agora futuro

Minha mãe
Passado gostoso
Lembranças de raízes
Do que aprendi

Eu
Presente ainda
Tentando um legado
Ao filho amado

Meu filho
O tempo dirá
No seu ouvido
O que será

O tempo
Esse dono do mundo
Ao seu tempo fará
De todos nós...um só

(Nane- 11/12/20)


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

POESIA OPRIMIDA

Vive em mim
Uma poesia
Calada
sentida
Natimorta
Que sobrevive
No meu íntrínseco

Fala de ti
E de mim
Do que vivemos
Do que sentimos
Do que quisemos
Do que fizemos
Do que nada mais restou

Mas ela insiste
No meu silêncio
Em gritar seu nome
Como se não mais houvesse
Um outro qualquer
Com o que rimar
Em meu eterno poetar

Vive em mim
Uma poesia dissimulada
Que jamais será escrita
Mas com certeza entendida
Por quem causou toda essa tristeza
Contida em meus versos
Suprimidos e sem sentidos

Vive e viverá
A poesia que oprime
Enquanto eu viver
Sem poder escrever
O que de fato quero dizer
E comigo há de morrer
Sem mais ninguém saber

Vive e sangra em mim
Essa poesia...oprimida

(Nane - 07/12/20)