terça-feira, 22 de dezembro de 2015

NADA PERDIDO

Perder o que nunca tive
E pensei ter
Dói tanto quanto não ter
O  que sempre quis

Acreditar que era meu
O que nunca me pertenceu
E escutar de viva voz
Que tudo era "mentirinha"

Brinquei de ter
Sonhei em ser
Verdade, estive
Mas...passei

E foi tão meu
Que por tanto tempo acreditei
Abriram-se as cortinas
E o espetáculo se acabou

Não sei se perdi
Ou simplesmente nunca tive
O fato é que agora
Finalmente entendi

Chamar de meu
Quem nunca se deu
Não vale a pena
Melhor deixar seguir

Secaram-se as lágrimas
Já não choro mais
Nos olhos apenas o "desbrilho"
Vagueando sem pousar

Certeza só uma
Te dei o meu melhor
E se alguém perdeu
Esse alguém não fui eu

A dor doeu
E ainda dói
Mas os grilhões partiram-se
E livre...estou

Não tenho vergonha
E no futuro acredito
E se amanhã, ele também desdenhar
Então seguirei só

(Nane-22/12/2015)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

MENTIRA OU ILUSÃO



Refletindo em plena reflexão
Na maior de todas as solidões
Ouço vozes e sorrisos
No quintal vazio
E tão cheio de espectros

Misturas de sonhos
Desejos e vontades
Do que são mentiras e verdades
Quimeras ou realidades
De uma retrospectiva introspectiva

E me vejo criança
Sem maiores perspectivas
Me importando com o agora
Deixando de lado
O sombrio amanhã

As vozes que ouço
De vivos e mortos
Me trazem lembranças
Do que vivi e do que sonhei
Em confusos momentos

Respiro no eco
Das paredes dos cômodos
Vazios e sem vidas
Onde antes habitavam
Tantos seres familiares

No ladrar de um cão
Seguido por outros
A sensação de que a vida
Continua lá fora
Sem comigo se preocupar

A morte da vida
Que vive aquém
Do meu eterno querer
Me fazendo sofrer
Por nunca me querer

A vida sofrida
Por medo da morte
De quem tanto me quer
E de que eu tanto (também) quero
E é inevitável

Se minhas verdades
Não passam de mentiras
Para quem é prático
Sou prática de ilusão
Em forma de coração

Jamais menti
Em minhas verdades
Que se confusas
Foram todas realidades
Em mim vividas

Agora (nesse instante) o silêncio incomoda
E os espectros me fazem companhia
Nessa casa vazia
Onde antes não cabia
Tanta gente que existia

Agora meu peito dolorido
Sente a falta da mão
Que acostumei a segurar
Quando nesses momentos
Me deixava conduzir

Se mentira ou ilusão
É seu meu coração
Se espectros ou imaginação
Em minha casa vazia
Ecoa a bagunça
De uma grande família...

(Nane - 17/12/2015)