sexta-feira, 11 de abril de 2014

Quando se mata um amor

Foi legítima defesa
Senhor Juiz
Matei para não morrer
E não pense que não sofro
Dói a dor mais dolorida
E por ela já fui condenado

A sua sentença Meritíssimo
Me será de pouca valia
Matei o que de mais precioso eu tinha
E tornei-me prisioneiro de mim mesmo
No umbral do meu inferno
Onde a paz não faz morada

Julgue o assassinato 
Senhor Juiz
Atire-me na sua masmorra
Sou réu confesso
Com o dolo planejado
Para não morrer em lágrimas

O fantasma desse amor
Ainda me persegue
Me assombra o tempo inteiro
Perturba a minha insanidade
Induz à vil loucura
De um final não programado

Condena-me 
Senhor Juiz
A não morrer no corpo
Já que é finada a alma
Morta pelo amor
Que eu tive que matar

(Nane - 11/04/2014)





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