Metáfora vivida
Em caixotes sofridos
Num ir e vir sem sentido
Batendo e soprando
O fôlego que falta
Na saturação inconstante
A cada lapada
Dolorida, incessante
Amigo insinuante
Que hipnotiza meu olhar
Perdido em suas águas
Que teimam em me chamar
Me diz que é um rio
Em plena calmaria
Me atrai e me trai
Sem nenhuma culpa
Mergulho a fundo
Saturando meus pulmões
A água salgada
Desidratando meu paladar
Repuxo em meu respiro
Procuro por sua mão
Netuno ou Yara
Na mente já embaralhada
Eis que vem de novo
A lambada nas costas
Levanto mais uma vez
Subjugada, capotada em seu leito
A ressaca intermitente
Me mantém sob o jugo
De suas vontades
Descabidas... resumidas
De onda em onda
Vou sucumbindo
Perdendo os sentidos
Do que nunca fez sentido
O mar
Metáfora explícita
No revolto
De uma própria vida
(Nane - 13/11/22)