DÁ-ME UMA CERVEJA

Dá-me uma cerveja
Que o engasgo na garganta
Desce gelando minhas vísceras
Aplacando meus desencantos

Acenda-me um cigarro
Que a fumaça nebulosa
Disfarça a vermelhidão
Dos olhos embargados

Dá-me teu abraço
E aqueça-me com teus braços
Do frio que corrói mi'alma
Inquilina da solidão

Aperte a minha mão
Já trêmula e sem força
Dedilhando lamentações
Pensando ser poesias

Se nada disso for possível
Deixa que eu persista em devaneios
Da tua presença ao meu lado
Do teu amor, do teu regaço

Dá-me uma cerveja
Acenda-me um cigarro...

(Nane-23/06/2017)

PÁSSARO LIBERTO

Voa
Teu solo de liberdade
Nos céus de teu caminho
Iluminado pelo brilho
De tua aura elevada

Sorria
Da pequinesa de tuas dores
Agora superadas
Pela plena grandeza
Do teu dever tão bem cumprido

Abençoa
Os que saudosos te choram
Pelo egoísmo natural
De te quererem presa
Por toda uma eternidade

Perdoa
Os rompantes acelerados
Nas noites insones e embargadas
No fel do sem saber
Que a vida não passa de um fio

Vela
De onde estás por mim
Que me recusei a velar por ti
Na tua derradeira hora
Por mera covardia

Deixa
Que eu te sinta como sinto
Ao meu lado o tempo inteiro
Mesmo te sabendo distante
E tão perto o tempo inteiro

Me poupe
Da amargura da tua ausência
Nas noites frias e vazias
Em que tento te abraçar
E percebo que não mais estás

Me alegre
Com as lembranças do teu cantar
Quando teu medo de eu te deixar
Fazia-me sentir a importância
De contigo sempre estar

Voa
Teu solo de liberdade
Sem jamais se esquecer
Que tua mão segura a minha
Por onde quer que eu vá...

(Nane-12/06/2017)